quarta-feira, 27 de maio de 2020

A música


       Li não sei onde que todas as vezes que Tom Jobim abriu o piano para tocar o mundo melhorou. A beleza que ele extraia dos seus acordes deixavam as pessoas embevecidas. Transforma quem o ouvisse, fosse uma plateia doméstica, de trabalho ou de teatro.
            A música, como sempre achei, é um prazer, é um hábito. Oferece alegria, cultura e um excelente antídoto ao baixo-astral. Um bálsamo de esperança para continuar vivendo. Mormente, agora, para quem se encontra isolado ou enfermo por conta dessa feiúra pandêmica (Covid-19).
            O mais bem-acabado retrato do que estou falando, foi quando vi o vídeo de uma apresentação do violinista Paulo Barreto, ocorrida numa casa de repouso para velhinhos (as), em homenagem ao “Dia das Mães”. Fiquei com os olhos inundados com tal cena emblemática.
            Viva Paulinho! Viva toda a sua sensibilidade, que se faz presente. Vai no ponto do humanismo. Com seu jeito doce e gentil, com seu olhar piedoso, quase maternal, você levou esperança, alegria e solidariedade para a alma daquelas pessoas idosas ( tesouro de memórias vividas) que ainda são tratadas com tanto descaso, infelizmente.
            A música, sem dúvida, é um benfazejo, é um santo remédio. Os estudos científicos comprovam que a utilização da música nos leitos hospitalares auxilia na melhora de quem está doente. “Os músicos têm feito um trabalho extraordinário, melhoram a qualidade de vida e de permanência dos doentes e reduzem em até cinco dias o tempo de internação”, disse certo médico.
              É vero. A música tem sido a forma mais usada para romper o silêncio das ruas e unir a vizinhança. A falta de contato humano tem sido uma preocupação da comunidade médica durante a pandemia, já que o stress do isolamento prolongado aumenta a predisposição para transtornos de ansiedade e comportamentos depressivos.
            Foi assim, graças à contribuição da música, que ouvi de um idoso solitário: “A música traz água nos olhos, né?”.

                                                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                         lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                             Advogado e mestre em Administração

                                                     

terça-feira, 19 de maio de 2020

Lockdown


Pelos números até aqui apontados, atrevo-me a afirmar que não vejo ainda razão para adotar o “lockdown”, ou confinamento, em especial em João Pessoa e na região metropolitana. O burburinho em torno de aplicar ou não essa dolorosa medida tem sido uma das alternativas de seus governantes no combate ao coronavírus.
O caso é sério, sim. Cada perda (vida) representa uma enorme dor. Mas antes de aderir ao tal “lockdown”, pela sua complexidade e pelo seu impacto, se faz necessário um plano mais parrudo, com medidas mais restritivas de circulação de pessoas. Soma-se: uma comunicação (orientação) mais agressiva junto à população sobre como se defender dos males dessa pandemia.
De pusilanimidade em pusilanimidade o povo não suporta mais. Lançar simplesmente o “lockdow”, numa atitude paranóica e onipotente, vai quebrar empresas, aumentar o desemprego, gerar pobreza, agravar a desnutrição infantil e provocar mais mortes por desespero e violência doméstica. Quem abraça esse argumento deve estar pronto a aceitar suas consequências.
Já não há dúvida de que a pandemia do coronavírus provocará a maior retração da atividade econômica mundial desde a Grande Depressão, iniciada em 1929. O seu impacto devastador no Brasil não pode ser comparado com outros países mais estruturado econômico e financeiramente.
Pensei, lá no fundo, esse caminho extremo agora não vejo como a melhor saída. Tampouco concordo com o presidente Bolsonaro, com suas estapafúrdias opiniões, em liberar à volta da atividade econômica sem critérios e sem ouvir as autoridades sanitárias.
Vivemos um tempo estranho. Muitos desperdiçam tempo com debates estéreis, manifestações irresponsáveis e com a promoção de ódio, sem romper a cegueira da ignorância, do egoísmo ou do oportunismo. Alguns tentam fazer comício em velório, cultuando a morte, em vez de celebrar a vida.
            A Paraíba precisa sair desta turbulência de pé, e não de joelhos.

                                                LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                lincoln.consultoria@hotmail.com
                                            Advogado e mestre em Administração



terça-feira, 12 de maio de 2020

Palavras têm consequências


            As falas destrambelhadas do presidente Jair Bolsonaro têm sido a sua marca. Com todas as vênias de estilo, parece comportamento típico de aluado, que muda ao sabor dos ventos e das conveniências particulares. Disparando desatinos a torto e a direito.
            O desenho claro: quase, ou melhor, todos os dias é a mesma manifestação agressiva – esbravejando insultos. Comporta-se como torcedor de arquibancada, que não tem responsabilidade com os resultados. Pouco se lixando para as consequências de suas palavras. Esta paisagem tornou-se rotina.
            Absurdo é pouco! Desde a redemocratização do país, nenhum presidente desafiou os limites impostos pela Constituição como Bolsonaro, que submete as instituições democráticas a estresse permanente com o claro objetivo de enfraquecê-las.
            De seu improvisado palanque presidencial, Bolsonaro espuma, se irrita, manda calar a boca de jornalista. Quiçá agindo por vaidade e asneira, fidedigna combinação explosiva. Mostrando-nos, assim, o seu despreparo para a liturgia do cargo que ocupa.
            “E daí?”, daí presidente, Vossa Excelência esquece que vivemos num regime democrático, e que a imprensa é a verdadeira fonte da democracia. Sobrepujar esse preceito é o mesmo que ser considerado um antidemocrata, um intolerante.
            Figuras minúsculas da política e simpatizantes de plantão insistem em achar que o presidente está no caminho certo, desperdiçando energia num país em emergência (Covid-19). Se Bolsonaro quer uma imprensa chapa branca, basta mudar para Cuba. Lá, como eu vi, visitando a cidade de Havana, a imprensa não ousa questionar o poder governamental.
            Em bom português, não é hora para politicagem, jogo de palavras, mentiras ou confronto com inimigos imaginários. O desafio que se coloca no momento é gigantesco: o Brasil precisa encontrar soluções rápidas para que as pessoas não percam a vida nem o emprego. Basta isso.

                                             LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                              lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                        Advogado e mestre em Administração
        
  

terça-feira, 5 de maio de 2020

Craque da gastronomia


        Estou doido para sair correndo, virar a esquina e sumir. Mais do que nunca necessitamos das luzes trazidas pela razão. O negócio é sério. Escrevo esta crônica isolado no meu apartamento.

            O confinamento acentua um traço: cresce nos momentos de dificuldade. A vida costuma ser generosa comigo, apesar de vez em quando me prega alguma coisa desagradável. O segredo é não desanimar e seguir em frente. Ou melhor: caia fora do que não te leva pra frente. Vamos otimizar os nossos pensamentos.
            Em um dos tantos lamentos poéticos do mestre Cartola, imediatamente me veio à cabeça, diante dessa triste situação (pandemia), trecho da sua música Preciso Me Encontrar: “Deixe-me ir / Preciso andar / Vou por aí a procurar / Rir pra não chorar /  Quero assistir ao sol nascer / Ver as águas dos rios correr / Ouvir os pássaros cantar (...)”.
            Além do meu prazeroso exercício da leitura, gostaria muito ter o hábito de cozinhar, preparar as próprias refeições: cara a cara, o fogão e as panelas. Uma prática mais que agradável e oportuna para essa situação de quarentena que ora estamos sendo obrigados. Infelizmente, só entro na cozinha pra pegar água, e entro de costas que é pra sair mais rápido.
            Para quem é apaixonado pela arte de cozinhar, como é o caso do meu amigo Ricardo Barbosa (deputado estadual), passando os dedos pelos cabelos escovados, diz de cara que é através da boa cozinha que se conquista o amor verdadeiro e que provoca prazer, relaxamento, diversão, bem-estar, equilíbrio etc e tal. Dono de elegância e de generosidade imensa, ele faz também desse ofício desprovido de vaidade e soberba.
            A bem da verdade, nunca fui afeito à cozinha. Não sei estalar um ovo, como não grudá-lo na frigideira. Sequer habilidade no uso do fogão, da panela, do coador, do liquidificador. Sem falar da utilidade do mundo dos temperos. Enfim, não conheço nada da cultura culinária. Sou, sem sombra de dúvidas, um inculto na matéria.
            Percebo agora que o talento culinário está em alta, especialmente em situação de pandemia, que os indivíduos são encorajados a se isolar.  
           

                                                    LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                    lincoln.consultoria@hotmail.com 
                                                               Advogado e mestre em Administração