segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

A falta de tempo

            Ao aproximar-se o final do ano, nada mais justo, principalmente para quem continua na labuta como eu, verificar se estamos trabalhando demais e vivendo “de menos”. De montanha-russa, basta a vida.
            Tal percepção ocorre em toda sociedade, mas talvez ainda mais entre gestores, empreendedores e outras pessoas em posição de liderança. Eles são tão direcionados para a eficiência e a produtividade que acabam esquecendo a qualidade de vida.
            Não por acaso que uma pesquisa feita algum tempo atrás por uma consultoria chamada DMRH constatou que 62% dos executivos brasileiros estão insatisfeitos com as suas rotinas. Se tivessem liberdade para redesenhar seu cotidiano, 7% desses profissionais diminuiriam o tempo dedicado ao trabalho, 80% aumentariam o tempo dedicado à família e 76% dedicariam mais tempo a atividade física e cuidados com a saúde.
            A principal questão aqui talvez seja: por que quase oito em cada dez profissionais brasileiros desejariam trabalhar menos do que trabalham hoje? Ou, dito de outra maneira, por que todo mundo está tão ocupado? A hipótese principal é a financeira.
            Ninguém há de negar que todos nós somos meteorologistas emocionais no que diz respeito às nossas vidas pessoais e profissionais, preocupados com o que está por vir. Esquecendo que a liberdade financeira não significa deixar de trabalhar, e sim ter um emprego que seja prazeroso, colegas queridos e um ambiente de trabalho agradável.
            Até uma geração atrás, o típico “workaholic” se orgulhava de seu estilo de vida. Agora, esse perfil profissional deixou de ser vendável e se tornou um problema. E, como se não bastasse, se sente culpado.
            Você, leitor, Feliz Ano Novo! Não olhe muito para trás nem olhe muito para frente, viva o presente.


                                                LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                 lincoln.consultoria@hotmail.com

                                                                     Advogado e mestre em Administração 

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Apoio aos pequenos negócios

             Ainda bem que o plenário do Senado aprovou na semana passada (13/12) projeto de lei que cria um novo programa de parcelamento de débitos tributários para micro e pequenas empresas (MPEs), conhecidos como Refins. A matéria encontra-se para sanção presidencial.
            Tal iniciativa chegou em boa hora, pois os números assustam: cerca de 560 mil delas foram notificadas pela Receita Federal e podem ser excluídas do regime Simples, um dos maiores programas de justiça fiscal e inclusão social do mundo.
            Não sou ingênuo a ponto de pedir aos políticos que pensem apenas no Brasil e deixem de lado seus interesses eleitorais. Cujo comportamento torna-se comprovadamente inverossímil diante dos fatos. Mas escrevo este artigo para chamar atenção dos atuais parlamentares para o papel que representa MPEs.
            Sabemos que, em razão da capilaridade dos seus negócios, faz com que esse segmento tenha capacidade de absorver a mão de obra mais facilmente, inclusive aqueles trabalhadores que o mercado embaraça a recolocação: como as pessoas com idade avançada, sem experiência, os recém-formados.
            Mas li, não faz muito, que a taxa de sobrevivência das MPEs optantes do Simples é o dobro das demais. Caso acabasse, 67% das milhares de empresas optantes fechariam as portas, o que seria um desastre econômico e social sem precedentes.
            Anotem aí: ao longo desse ano, com exceção de março, diante dessa crise brutal, o segmento apresentou número de contratações superior ao de demissões. Enquanto as empresas de micro e pequeno porte acumulam saldo positivo de 463 mil novos empregos, as médias e grandes fecharam ao todo 178,8 mil postos.
            Levo ao pé da letra a máxima de que “Quando tudo parecer estar contra você, lembre-se que o avião decola contra o vento, não com a ajuda dele” (Henry Ford). Motivação típica do empresário (MPEs) audaz e empreendedor.

                                       
                                          LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                           lincoln.consultoria@hotmail.com
                                             Advogado e mestre em Administração

                

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Bigodão é a solução

            Deu na semana passada em “Folha”: o empresário Levy Fidélis, 65, lançou mais uma vez a sua candidatura à Presidência da República pelo PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro). Oportunidade em que apresentava seu novo jingle de campanha: “Bigodão é a solução”. Santa paciência! Um deboche a inteligência do povo brasileiro.
            Esse cara é maluco com tal ladainha de candidato, com sua visão irônica de se mesmo. Às vezes, tentando entender um pouco as coisas, eu me pergunto o que leva alguém buscar esse tipo de comportamento: muito quadradinho, muito mediocrezinho, cheio de mentirinha para enrolar o eleitor.
            Mesmo sem ter sido eleito para nenhum cargo público, ele não desanima com a cláusula de barreira e tampouco com seu discurso populista intragável. “Teremos votos suficientes. Aqueles que querem fazer um país sério que sejam competentes”, diz.
            Fidélis é o tipo de político que deveria ser varrido da cena política nas eleições. Não pensa no Brasil, e sim, em seus interesses pessoais, como muitos. Estamos precisando de candidato que raciocine com a cabeça e não com o fígado. Que venha com o propósito de ajudar o Brasil a equilibrar as contas, acelerar a retomada da economia, criar mais empregos e melhorar a vida dos trabalhadores e de suas famílias.
            Seu pecado original é pretender (e não consegue) ser como o jogador de pôquer, que blefa e não treme, que blefa rindo, e cujos olhos indecifráveis intimidam o adversário. E joga tudo. E vence. No blefe.
            No Brasil atual, não é mais aceitável esse tipo de político que busca insistentemente holofotes midiáticos com vista a interesses particulares, em vez de primar e defender a nação e seus cidadãos. Fragilidade que pode tornar o País vulnerável aos sobressaltos da campanha eleitoral.
            Com todo respeito, a pretensão do candidato Fidélis é pura hipocrisia.

                                         
                                                    LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                     lincoln.consultoria@hotmail.com

                                                                Advogado e mestre em Administração

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Época que deixou saudade

            Na semana passada tive que me deslocar até a prefeitura de Santa Rita, a fim de regularizar uma pendência tributária. Em razão do avanço da hora, acabei almoçando por lá mesmo, num modesto restaurante (self service) localizado em frente à Praça Getúlio Vargas.
            Sobre esse lugar, as lembranças foram mais que inevitáveis. No início da década de 70, de vez enquando fugia, juntamente com um grupo de amigos, para os bailes promovidos pelo famoso Tenis Clube (o mais chique e elegante da cidade). Era uma espécie de extensão festiva ou noitada da nossa morada em João Pessoa.
            A animação ficava por conta do conjunto musical local chamado “Os Brincalhões”. Composto por jovens talentosos que se esmeravam tocando ainda os grandes sucessos da Jovem Guarda. O nosso figurino era praticamente um uniforme para os jovens de então: calça Jeans Lee, camisa Hering e sapatos Top.
            Antes de entrar na “la balada”, tínhamos que dar o esquento, ou seja, molhar as palavras pelos bares da cidade. Pontuados por música e longos bate papos. Havia sempre comida e bebida, apesar da escassez financeira.
            O certo é que não faltava conversa fiada, festa e Rum Montilla (dosado com coca-cola e gelo) preferidíssimo daquela geração, que se tornou um clássico atemporal. Mais do que prazerosa, tal bebida era um catalisador de euforia, um importante componente (de coragem) para dançar com as meninas que já nos aguardavam com notável euforia. Detalhe: todas elas bem arrumadas, ao gosto da época.
            A segurança era um quesito que não nos preocupava. Podíamos ficar perambulando pela cidade sem nenhum temor. Todos esbanjando um clima de harmonia, de felicidade e de muita boemia. Os santarritenses passavam um sentimento puro, suave, delicioso de convivência.
            Foi uma época que, para quem viveu, deixou muita saudade.

                                          
                                        LINCOLN CARTAXO DE LIRA
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                                                          Advogado e mestre em Administração

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Degradação da política

            Aqui, meu vizinho das quintas-feiras, Roberto Cavalcante, já abordou o tema com muito mais propriedade do que eu seria capaz, onde se constata que 50% do eleitorado rejeitam as duas candidaturas salvacionistas (Lula e Bolsonaro). É como se metade dos cidadãos estivesse pedindo uma alternativa moderada, limpa e reformista.
            Ademais, gostaria de ter a capacidade de externar toda a angústia que sinto com os rumos incertos do nosso querido Brasil, em que políticos legislam em causa própria, constam com a conivência do Judiciário e a omissão de um povo passivo.
            Assim não dá. Não dá mesmo! Nós, brasileiros, que somos reféns de um círculo com as práticas de corrupção, continuamos ameaçados por candidatos impunes, e agora também por “novatos” que não sabemos suas reais intenções e a que se propõem.
            Lamentável o caso de Aécio - um dos grandes protagonistas na última disputa eleitoral para presidente -, desafia o bom senso. Pouco se lixando às críticas: “Vá tomar no verbo”, como diria o baiano Tom Zé. Seu comportamento culminou com o esfacelamento do PSDB. É incrível que, mesmo depois de divulgado o teor da conversa de Aécio com Joesley Batista, o senador tenha sido mantido não apenas nos quadro do partido como na presidência da legenda (ainda que licenciado).
            O ensaio da candidatura de Luciano Huck emerge em razão da degradação da política. Sem desmerecê-lo em suas boas convicções, mas precisamos de um líder inteligente e ousado, ficha limpa, que tenha capacidade da articulação para impulsionar as reformas que tanto o Brasil precisa. A exemplo do presidente da França, Emmanuel Macron, que escolheu dizer a verdade, oferecendo um receituário de margas mudanças na legislação trabalhista e no sistema previdenciário.
            A conclusão, inexorável, é que o brasileiro é um bicho esquisito na escolha de seus representantes políticos. Infelizmente, há algo de paradoxal aí. Mas essa já é outra história.


                                                     LINCOLN CARTAXO DE LIRA
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terça-feira, 21 de novembro de 2017

Reflexo da violência no Rio

            Para mim, o Rio de Janeiro é a cidade mais bela do mundo. Apesar do site gringo de viagens, U City Guides, apontá-la em 5º lugar entre as mais bonitas do planeta, atrás apenas de Veneza, Paris, Praga e Lisboa. Mesmo assim, uma posição privilegiadíssima.
            Há quem diga que Deus criou o mundo em 6 dias e guardou o sétimo para o Rio. Ela é abençoada por ter uma das mais impressionantes vistas em todo mundo. Infelizmente, a violência está tirando o seu brilho – virou um clichê intragável. É um déjà-vu recorrente. 
            Sinto nostalgia pelo tempo em que a “Cidade Maravilhosa” era seduzida não só pela sua beleza, mas pela sua tranquilidade, pela alegria e pelo despojamento do seu povo. Falou em leveza e em bom humor: ah, só pode ser o carioca.
            Escutei outro dia de um morador que a situação do Rio de Janeiro é inquestionavelmente temerosa em relação à violência. “Não vamos mais de carro para certos lugares. A preocupação é o perigo no caminho, na hora de estacionar, tudo”. Já outro morador assim se manifestou: “Praticamente não saímos mais de casa para se divertir. Estamos vivenciando uma guerra civil camuflada”.
            Ninguém há de negar que a violência no Rio tem desestimulado a frequência de turistas, como também, tem desanimado muitos cariocas a sair de casa à noite, alterando hábitos e traços culturais da cidade. Os índices de criminalidade em alta, além da crise econômica, representam um baque no setor de bares e restaurantes.
            Que o Rio está uma violência sem tamanho não é mais novidade. Basta checar a pesquisa Datafolha no começo de outubro onde revelou que 72% dos cariocas diziam que, se pudessem, se mudariam do Rio devido à violência. Um terço dizia ter mudado de rotina nas semanas anteriores.
            Pois é, e agora? Alguém tem que fazer alguma coisa.

                                   
                                                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                         lincoln.consultoria@hotmail.com
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terça-feira, 14 de novembro de 2017

Preconceito e intolerância

            O articulista J.R.Guzzo se superou em sua última crônica (“Um país de chatos”- Veja). Diz tudo de maneira leve e hilária, com seu incompatível estilo. É um ensaio maravilhoso de jornalismo sério, imparcial e de pesquisa.
            Eu me curvo ante a riqueza do referido texto quando fala que não existe hoje no Brasil obrigação moral e cívica mais cobrada do cidadão do que se manifestar contra o “preconceito” e a “intolerância”. Virou uma celeuma, um mal-estar – infelizmente.
            É vero. Nelson Rodrigues, o maior autor de teatro que o Brasil já teve, quiçá um dos melhores da literatura mundial se não tivesse nascido, vivido e escrito na língua portuguesa. Hoje, vivo estivesse, seria considerado uma ameaça nacional, um conservador, um intolerante, um preconceituoso e até um fascista.
            A Justiça, por sua vez, seria implacável contra ele. Seja por machismo, racismo ou homofobia. Decerto não estaria mais morando no Brasil diante de um ambiente assim. Tudo aqui passou a ser carimbado como raça de intolerantes. Como assevera Guzzo: “Uma sociedade mal-humorada, neurastênica e hostil à liberdade de expressão”.
            A que ponto chegamos! Até o Enem estabeleceu dar nota zero para os estudantes que escrevessem na prova de redação alguma coisa contrária aos “direitos humanos”. Ainda: hostilidade a ideias discordantes da “identidade de gênero”. E o caso de William Waack, numa conversa privada, quase inaudível, uma piada “coisa de preto”, tenha tido tanta repercussão, mesmo pedindo desculpas aos que se sentiram ofendidos.
            Confesso que sou contra qualquer tipo de preconceito, do tipo racial, religioso, sexual, étnico ou qualquer outro ato discriminatório. No entanto, reconheço que estão banalizando exageradamente essa questão. Para insurgir contra isso é necessário que a situação (do preconceito) esteja caracterizada e contextualizada. Exemplo: impedir a entrada de um asiático, e não dos demais, em um restaurante aberto ao público.
            Tudo isso escapa ao senso comum, ultrapassa a razão.                    


                                                   LINCOLN CARTAXO DE LIRA
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terça-feira, 7 de novembro de 2017

O livro impresso segue firme

            Que alento abrir as páginas do jornal e ter o deleite de verificar que, de 2014 a 2016, as vendas de e-books caíram mais de 30% nos Estados Unidos, recuando de 1,6 para 1,1 bilhão de dólares – ou menos de 20% do faturamento total. No Brasil, a participação das edições digitais é ainda menor: fica em torno de 1% total.
            Alguns desavisados comentam, voluntária ou involuntariamente, um erro crasso quando asseveram que o livro impresso vai acabar. Suas vendas acumulam quatro anos seguidos de alta no mercado americano. O desinteresse pelos digitais é visto como uma resposta do público a um excesso de aparelhos eletrônicos em sua vida, que já está gerando malefícios para a saúde, como o aumento de casos de miopia.
            Reafirmo que já disse aqui neste espaço. Não levo jeito pra ler um livro disponibilizado pela internet – computador. Por uma razão simples: eu preciso pegar para gostar. Tocar. Rabiscar. Sentir o cheiro. Sejam os livros reflexivos, livros leves, livros de bolso, uns apenas decorativos, outros essenciais. Dizem, não à toa, que a leitura pelo computador é como sexo sem amor. Acessou, leu, gozou e desligou.
            A essa altura do campeonato, com os citados números, ninguém pode discorda da robustez do livro impresso. Há livros demais. Pense em dois bilhões de títulos. O mundo produz um novo livro a cada 15 segundos – milhares de cópias de papel. Com tiragem média de 2.000 exemplares, quatro bilhões de volumes saem do forno anualmente.
 A verdade é que o digital estabilizou-se como mais um canal de leitura, estando longe de ser o principal. Não decolou, para usar a linguagem do mercado. O mais importante de tudo isso é incentivar o hábito pela leitura, uma vez que, no Brasil, as escolas trabalham pouco a leitura literária.
            Uma coisa é certa: mas nenhum tão vivo como o velho livro de papel, uma invenção perfeita com mais de 5.000 anos de história.


                                           LIN COLN CARTAXO DE LIRA
                                                 lincoln.consultoria@hotma
                                             Advogado e mestre em Administração


            

terça-feira, 31 de outubro de 2017

O senhor do tráfico

            Recentemente assisti via internet (pela Net) a série original (74 capítulos) sobre a história do maior narcotraficante da história, “Pablo Escobar, o senhor do tráfico”, produzida e exibida pela Caracol Televisión em 2012. Uma obra fantástica!
            Foi em Medellín onde centralizou e comandou as suas atividades criminosas. Ele foi o sujeito mais rico e bem sucedido da história do narcotráfico. Para as autoridades colombianas foi “o mais brutal, ambicioso e poderoso traficante que já existiu”.
            Ninguém segurava o cara. Fazer parte do seu cartel não era para frouxos. Contrabandeava 15 toneladas de cocaína por dia só para os Estados Unidos, processava/exportava 80% da cocaína consumida no mundo todo e faturava cerca de US$ 30 bilhões por ano. Amado por grande parte da população colombiana, que considerava o Robin Hood dos pobres. “Não sou rico, sou uma pessoa pobre com dinheiro”, uma de suas frases icônicas.
            Enquanto o governo colombiano vinha com o discurso conciliador, ele vinha com a metralhadora. Foi conhecido por sua eficiência política do “plata o plomo” (dinheiro ou chumbo), em que juízes, policiais, jornalistas, políticos e outros eram obrigados a aceitar o seu dinheiro, ou seriam executados sem misericórdia.
            Quando estive por lá, em Medellín (2015), para conhecer de perto a cidade que conseguiu se superar: antes a mais perigosa do mundo para ser a mais inovadora e empreendedora do mundo; constatei que a história de Pablo Escobar é inimaginável não está no roteiro turístico: do cemitério Montesacro, onde se encontra enterrado, para a “catedral”, a prisão particular do barão da droga.
            Perguntaram-lhe uma vez, numa entrevista, como define o seu envolvimento com o mundo do narcotráfico. Sem pestanejar, respondeu: “Vocês podem aceitar meu negócio ou aceitar as consequências”.
            Tais registros me fizeram olhar para trás e, como num surto, escrevi este texto.


                                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                          lincoln.consultoria@hotmail.com
                                             Advogado e mestre em Administração
                                         


                

domingo, 22 de outubro de 2017

Privatização no Brasil

            Tenho pensado, lido, refletido e ouvido muita gente sobre os melhores caminhos para tirar o Brasil desta triste situação em que nos encontramos com a corrupção (devotos à vigarice).
            Vive-se hoje, pelo menos, uma saudável correção de rumos em relação de repassar as empresas estatais à iniciativa privada. Contrariando àqueles que tentam fazer crer: entregar bens públicos que farão falta ao Estado.
            A essa altura, já não é algo tão estarrecedor - pelo registro de mentiras e roubalheiras -, é uma forma de desfazer de bens políticos, deixando órfãos apenas os velhos conhecidos dependentes de mamata. Não faltando, evidentemente, ato espúrio, criminoso, transvestido de ato de gestão.
            Parece-me lógico que, essas empresas do governo fossem privatizadas, elas se tornariam mais eficientes e úteis ao país, deixando, sobretudo, de ser instrumento de interesses fisiológicos. As barreiras são enormes: resistências ideológicas, raciocínios equivocados sobre o conceito e estratégico, visões infantis sobre soberania nacional e cultura estatizante.
            Admito carregar um pouco mais tinta ao dizer que a Petrobras, por exemplo, fosse privada, não teria ocorrido o maior escândalo de corrupção da história. Infelizmente, a decisão de privatizar uma determinada empresa pública ainda se curva à pressão dos políticos e de pseudo-nacionalistas.
            Entendo, perfeitamente, que existe a turma que não quer de maneira alguma perder o privilégio que viceja no ambiente estatal. Com destaque aos fisiologistas, seus apaniguados, detentores da máquina para usufruto próprio, funcionários públicos ineficientes que mostram horror a cobranças e gangues partidárias que estão na linha de frente da chiadeira.
            Então, é preciso insistir na privatização. Para o bem do Brasil.


                                                        LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                          lincoln.consultoria@hotmail.com
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terça-feira, 17 de outubro de 2017

O risco do xaveco

            Vamos começar do zero: o que é xaveco? Xaveco é a abordagem masculina no intuito de conhecer uma mulher ou conversa de quem deseja conquistar alguém. O que seria de nós se Adão não tivesse buzinado alguma coisa na orelha de Eva?
            O leitor pode estar perguntando: “Mas isso não corre o risco de ser encarado como assédio sexual?”.  Claro que Sim! Nota: o medo de sofrer abusos e assédios sexuais afeta a maneira como 3 em cada 10 mulheres se vestem – segundo pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
            Com sinceridade, aqui vai um conselho aos homens brasileiros: não ponham as mãos nas mulheres sem conhecê-las, sem ter certeza de que o seu gesto de carinho ou de desejo será bem-recebido. Lamentavelmente, ainda existe na cultura brasileira a imagem da mulher objeto. Basta ser mulher e estar no espaço público para, em algum momento da vida, receber cantadas masculinas.
Na minha mocidade, mexer nos cabelos de uma moça desconhecida ou mesmo tocar o corpo dela durante a primeira conversa era aceitável, era um simples xaveco. O pior que poderia acontecer era a garota fechar a cara e ir embora – e muitas faziam isso. Mas isso já faz 40 anos.  Agora a situação mudou.
Tem homem que vê a cantada de rua como elogio. Pensa que a mulher gosta e que está na rua para isso mesmo. Agora, indignada com o ato de invasão de sua privacidade, com liberdade de pôr a boca no trombone, a brasileira tem apoio da lei e disposição pessoal para expor os folgados aos piores vexames – e, algumas vezes, à prisão.
            Muitos caras por aí se acham dom-juam das garotas. Esquecem eles que o cenário em torno do corpo feminino mudou. Não há espaço para contato sem consentimento. Tampouco é aceitável fazer galanteios inadequados à gata cobiçada.
            Na dúvida com a ação do xaveco, desacelere.  E fim de papo.


                                           LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                            lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                              Advogado e mestre em Administração


terça-feira, 10 de outubro de 2017

Paris: exemplo de mobilidade urbana

            Volto ao tema por me parecer inesgotável. Notadamente quando cravei os olhos naquele texto jornalístico em que destacava que Paris quer ser a primeira metrópole sem carros até a Olimpíada de 2024.
            Para aliviar as agruras do trânsito, Paris já está implantando iniciativas com vistas ao futuro: elevou o preço do estacionamento, criou ciclovias e fez planos para até 2020 proibir a circulação de veículos movidos a diesel. Pois é: 6.500 parisienses morrem por ano devido aos efeitos da poluição. Acontece em grande parte porque a capital francesa foi construída muito antes de existirem automóveis e nunca espaço para eles.    
            Sempre digo: resolver o problema do trânsito nas cidades é um processo de aprendizado. Pensando nisso. A primeira coisa que a prefeitura de Paris vai querer fazer (até as Olimpíadas) é reduzir os 150 mil carros estacionados na rua sem fazer nada. Os táxis sem motoristas (dotado por tecnologia) vão funcionar continuamente, quase nunca estacionando entre uma corrida e outra. Os espaços de estacionamento serão convertidos em ciclovias, terraços de cafés ou playgrounds.
            É importante sublinhar que quase dois terços dos 2,2 milhões de parisienses não possuem carro, cuja opção é andar de metrô. Outra realidade: os ônibus urbanos sem motoristas já estão percorrendo as principais avenidas da cidade. Por tudo isso, Paris, capital do século 19, poderá se tornar a capital do século 21.
            É hora de reconhecer e admitir claramente a barafunda do sistema de transportes nas cidades brasileiras. Ineficiente, ele tem futuro incerto. Mas é preciso ser realmente muito bobo, ou desinteligente, para achar que isso é um problema comum das grandes cidades e sem soluções práticas. Ou seja: uma substancial ignorância sobre o assunto.
Taí a encantadora Paris dando grandes lições de mobilidade. Tornando-se, no futuro próximo, a primeira metrópole mundial pós-carros.


                                   LINCOLN CARTAXO DE LIRA
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segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Pânico na Rocinha

            É um problema e tanto o que está ocorrendo na Favela da Rocinha. Uma comunidade de 70 mil moradores sob fogo cruzado, quase 3 mil crianças sem aula. Um verdadeiro bangue-bangue na cidade do Rio de Janeiro a ficar de joelhos para o crime organizado.
            Todos que ali residem estão com medo, assombrados, agachados nas trincheiras que construídas para se isolarem, entregues aos mais variados escapes: de drogas e de bandidagens. O intenso tiroteio entre policiais e criminosos provocou tumulto, pânico e alterou a rotina de cariocas.
            É bom lembrar que a guerra na maior favela do País só tomou essas dimensões por causa da falência do Estado, da omissão das autoridades e do fracasso das UPPs, que foram vendidas como solução para conter a violência.
            Ficará mais difícil, para não dizer impossível, fugir dessa realidade. Um bom programa de primeira infância consegueria ajudar a família inteira da favela, fazendo chegar até ela informações, boas práticas e valores essenciais, como a importância do estudo para a superação da pobreza.
            O colapso da segurança é evidente. A promessa de “pacificar” as favelas, através das UPPs, sucumbiu à corrupção e à falta de planejamento. Com a escala da violência, os moradores perderam a liberdade de ir e vir. Acreditem: às vezes, os bandidos ditam o toque de recolher – todo mundo corre para casa, sem dar um pio.
            Os cariocas estão pagando caro por terem confiados nos seus representantes desonestos e incompetentes que não enxergam longe e não querem o bem dos seus conterrâneos, apenas vêem oportunidades para tirar vantagem própria.
            O debate de ideias e de causas sobre a violência do Rio de Janeiro é mais relevante que as pirotecnias expostas pelas nossas Forças Armadas, uma vez que não têm vocação para manter a ordem pública.

                                                   LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                    lincoln.consultoria@hotmail.com
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terça-feira, 26 de setembro de 2017

Trânsito maluco

            Será que tem jeito isso? Claro que sim! Mas é preciso parar, refletir e agir. Vou direto ao assunto: temos que fomentar a cidadania e a inclusão social por meio da universalização do acesso aos serviços públicos de transporte coletivo, agregado com a qualificação, a ampliação e a infraestrutura.
            Modelo de gestão de trânsito preguiçoso, cruel e ineficiente que vemos por aí, diferentemente, aqui, vamos encontrar como bom exemplo as faixas exclusivas para os ônibus ora introduzidas na Avenida Dom Pedro II. Apesar de algumas críticas (manequeista e até simplória), a maioria significativa da população aprovou a iniciativa da Prefeitura de João Pessoa.
            Uma vez meu professor de colegial, Antônio de Sousa, me falou: quando você não tiver certeza daquilo que fala, não diga nada. Pois bem. Causa-me inquietação é saber, por trás dessas críticas isoladas, o que há são desinformações e intrigas decorrentes da política paroquial. Poxa vida! Isso me apoquenta e me envergonha.
            Na minha incauta opinião, passamos sufoco porque as cidades se planejaram para os carros, ponto. Digno de nota: na capital paulista, 25% da área construída é dedicada a estacionamentos. Constata-se que o carro não é mais símbolo de liberdade. Ao contrário: tem se tornado um fardo. Pesquisa da Box 1824 mostrou que só 3% dos jovens do Brasil, entre 18 e 24 anos, desejam comprar carros e motocicletas.
            A tendência é cada vez mais os indivíduos vão preferir utilizar carros, em vez de ser donos deles, menos carros circularão. Outra opção e de baixo custo, é pedir um transporte por um aplicativo (Uber, 99, WillGo e outros) sempre que quiser e onde estiver, e chegar aonde você precisa da melhor maneira possível.
            Menos carros circulando, as grandes cidades brasileiras terão menos trânsito, poluição e estacionamentos. Consequentemente, serão mais vivas, agradáveis e seguras.


                                     LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                      lincoln.consultoria@hotmail.com
                                              Advogado e mestre em Administração


                

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Retrocesso na educação

            Ora, de tanto ler nulidades, todos os dias, nas manchetes de jornal, nosso âmago está ficando sombrio. Como se não bastasse, os efeitos da crise agora estão atingindo os nossos estudantes: sem dinheiro, estão deixando de se matricular e abandonando cursos.
            Algo idiotizado. Porque não dizer perverso para o conhecimento da futura geração de brasileiros. Pois estamos careca de saber que educação é a mola propulsora para o crescimento e desenvolvimento social e econômico de uma nação. Se educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda – já dizia o mestre Paulo Freire.
            Trata-se de uma questão dramática quando se verifica que as Universidades brasileiras estão no pelotão de trás, revela um novo ranking mundial divulgado recentemente. No geral, o Brasil, que havia emplacado 27 entre as 1000 melhores do mundo, agora tem só 21. Mas não só isso: o número de jovens matriculados no ensino superior também encolheu pela primeira vez em 25 anos.
            As notícias não acabam: a crise econômica, que ceifou empregos e deixou os quem têm trabalho com medo da demissão, tem espantado muitos aspirantes à universidade. Também a taxa de evasão dos que já estão lá dentro saltou 44% em cinco anos, a maioria por não conseguir arcar com as mensalidades. A que ponto chegamos!     
Nossos tropeços educacionais estão custando caro para quem de fato almeja um futuro promissor. Para os países desenvolvidos somos tratados como seres apáticos desprovidos de inteligência. Como batessem palmas para a nossa mediocridade.
Não podemos xingá-los por tal atitude, uma vez que a própria ex-presidente Dilma Roussef não consegue lembrar o título  do livro que tanto havia impressionado na semana anterior, ou ex-presidente Lula, que não lia livros porque lhe davam dor de cabeça.
Não acho: minha convicção é que temos uma eterna síndrome de pequenez na educação.

                                      LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                        lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                Advogado e mestre em Administração

        

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

A violência sexual

            Começo com um exemplo surreal. Em Uriçuí (sul do Piauí), uma grávida de 15 anos foi estuprada por três adolescentes, e o namorado, morto na sua frente. Em outro caso: um vídeo que circulou nas redes sociais, quatro rapazes estupram uma menina de 12 anos numa comunidade localizada na Baixada Fluminense, no Rio.
            Não é à toa que nesse caldo (do estupro) viceja deterioração e desmoralização a nossas autoridades policiais e judiciais. Cumpre notar que a violência sexual contra a mulher é um crime invisível, há muito tabu por trás dessa falta de dados. Muitas mulheres estupradas não prestam queixa. Às vezes, nem falam em casa porque existe a cultura de culpá-las mesmo sendo as vítimas. Ah, isso tudo dói um bocado.
            Não custa lembrar: pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra que apenas 10% do total de estupros são notificados. Considerando que há 50 mil casos registrados por ano (na polícia e nos hospitais), o País teria 450 mil ocorrências ainda “escondidas”.
            Divirjo respeitosamente daqueles que advogam, simplesmente, aumentar pena como solução para acabar com estupro, nunca foi e nunca será. Uma pauta que se apequena. É no mínimo estreiteza intelectual. A verdade é que o estupro já tem uma das maiores penas no Código Penal, e mesmo assim é um crime que está crescendo a cada dia nos prontuários oficiais.
            Ao leitor desse prestigioso jornal, digo sem rodeios: temos que ir até a raiz do problema, enquanto isso não mudar, não vamos mudar esse quadro triste de violência contra as mulheres. E a única forma de resolver esse problema é mudar a mentalidade dos homens através da educação, para que, efetivamente, não cometam mais estupros. Só através da educação, da discussão sobre feminismo e gênero nas escolas, universidades e em todos os locais, que vamos conseguir evitar os estupros.
            Pense bem. Pense com calma. Em razão das mazelas do nosso Sistema Penitenciário, aumento de pena nunca reduziu crime algum e não vai funcionar com estupro.

                                             LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                             lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                Advogado e mestre em Administração


                                                 

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

A dívida brasileira

            Já disse várias vezes, aqui neste espaço, que sou um otimista contumaz. Mas nem sempre é fácil ter essa percepção à dura prova da realidade que ora passa a economia no Brasil, sobretudo quando vejo o relato feito por um dos mais lendários financistas do País, Luiz Cezar Fernandes.
            Com seu jeito despojado e sem papas na língua, ele diz que o Brasil pode estar caminhando para um calote da dívida interna. Não é suportável com os níveis de taxa de juros. Se o Banco Central reduzisse a taxa Selic para algo em torno de 5% ao ano, nada aconteceria com a inflação. Criticou ainda o rentismo da economia brasileira, que criou uma sociedade de pessoas que vivem de juros, e não da produção. Olha quem está falando isso é um banqueiro, que fundou instituições como Garantia e Pactual.
            Na sua visão, a situação brasileira é mais grave do que da Grécia e a necessidade de ajuste fiscal pode vir a ser muito maior. Ele cita o exemplo de Portugal, em que salários de servidor público chegaram a ser reduzidos em cerca de 30%.
            Tenho que reconhecer que a nossa situação é de urgência. O milagre do crescimento exponencial das receitas, pressupostos para o atendimento do conjunto das demandas, não ocorreu. Apesar de alguns modestos sinais de melhoria da economia, a crise continua braba. Uma verdade indigesta, infelizmente.
            Para quem já queimou os fusíveis, como eu, ainda tento entender o vaivém da nossa política monetária. É insuportável a dívida brasileira com esses níveis de taxa de juros. Não tenho curso de leitura de mãos, mas está na cara que se for mantida a trajetória atual de juros, um calote da dívida é inevitável.
            Com toda franqueza, com essa recessão desenfreada e com a inflação abaixo da meta (sob controle), não podemos perder tempo mais uma vez, aceitando outro ciclo de inércia, de incompetência exacerbada, atraso deliberado, ganância bancária...
            Como diz um bordão de um programa humorista: “E o povo, ó...”.


                                                   LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                 lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                             Advogado e mestre em Administração   

               

            

sábado, 26 de agosto de 2017

Orquestra Tabajara

            Na semana passada, caiu-me aos olhos o livro “Orquestra Tabajara de Severino Araújo”, escrito por Carlos Caraúccio e publicado pela Companhia Editora Nacional (1ª ed., 2009). Uma narrativa tão cuidadosa e tão deliciosa à altura desse fenômeno da música brasileira. Seja como exímio instrumentista, seja como genial arranjador.
            A Tabajara, eterna big band brasileira, assim chamada, foi criada em João Pessoa (1933), a mais longeva e um dos mais férteis celeiros de grandes instrumentistas do País. A sua herança sonora mantém-se viva graças à inventividade dos músicos que passaram pela orquestra (registrada em mais de cem discos), sob a batuta do grande mestre musical Severino Araújo (1917-2012).
            Particularmente, essa famosa orquestra me traz boas lembranças e saudades dos grandes bailes de Carnaval no nosso Clube Cabo Branco – “época dourada (década de 1970)”, onde centenas de foliões ansiosos aguardavam a entrada da Tabajara no palco, para se esbaldarem em frevos e sambas até as quatro horas da manhã.
            Lá pelos idos de 1940 a 1944, além do Cabo Branco e do Astréa, João Pessoa contava com outro espaço em que a Tabajara se apresentava com frequência, o Cassino da Lagoa. Aos domingos, das cinco da tarde às nove da noite, Severino e sua trupe faziam a alegria de centenas de animados dançarinos.
            Já na Cidade Maravilhosa, Rio de Janeiro, o som da Orquestra Tabajara passou a fazer parte do mundo de glamour, fosse ao Copacabana Palace, Hotel Glória ou Cassino da Urca, que duraria pelo menos quatro décadas. O cenário era salões de bailes enfumaçados, exalando aromas de cigarros europeus, entre flores e garrafas de champanhe. A madrugada unia os ternos de casimira e os vestidos plissados de cetim.
            Cabe, nessas apressadas linhas, louvar o autor Caraúccio que deixou para a história o registro da vida artística, cultural e musical desse notável brasileiro Severino Araújo e da Orquestra Tabajara.


                                                           LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                            lincoln.consultoria@hotmail.com

                                                                                     Advogado e mestre em Administração

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Carência de líderes

            É preciso reafirmar que o Brasil necessita de líderes acima de qualquer suspeita. As instituições públicas não devem servir de escudo aos que enfrentam acusações, tampouco parlamentares lobistas que utilizam pautas legislativas em busca de vantagens setoriais à custa do erário.
            Para enveredar num rumo virtuoso, precisamos sim de líderes abnegados e comprometidos com as causas sociais. Não há nada, nada mais urgente, neste País, do que criar uma geração de novos líderes à altura das responsabilidades morais e éticas.
            A carência de líderes no Brasil lembra um navegante perdido em oceano tempestuoso, sob céu nublado e sem bússola nem estrelas para se orientar. O exemplo dos nossos grandes vultos nacionais foi jogado na lata do lixo da história.
            Já vai longe o tempo em que tínhamos grandes líderes na política, do quilate de um Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Franco Montoro, Mário Covas, Leonel Brizola... A política ficou com má fama. Perdeu o sentido nobre. Foi entendida como um lugar de malandro.
            A explicação para tal situação é que a redemocratização dos anos 1980 coincide com o desinteresse dos jovens pela política, provocada pela desmoralização da prática política, como também, pela falta de mecanismos de participação na política. Como isso: a política atraiu àqueles que não encontraram lugar no mercado de trabalho ou de celebridades decadentes.
            Isso, caros leitores, é o que está acontecendo. Faça o esforço que fizer, não dá para não reconhecer essa lacuna de grandes lideranças no cenário político. Os nomes que aparecem representam o velho e, pior, mais radicalizado. Lula representa o velho à esquerda. Bolsonaro representa o velho à direita. Dória aparece com uma visão burocrática, gerencial, mas que ainda não foi testado. Logo, não é preconceito. É uma obviedade.
            Enfim, falta ao Brasil um líder com uma visão modernizadora da política, baseada nos princípios de inclusão social, responsabilidade fiscal e modernização na área dos costumes.


                                              LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                               lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                Advogado e mestre em Administração