terça-feira, 18 de outubro de 2016

Despede-se o idealizador das UPPs

            O Brasil parece distante ao debate sobre segurança pública, na ocasião em que o crime organizado exibe musculatura e reforça a violência e a crueldade, cada vez mais.
            Há um sentimento difuso e generalizado de que é preciso “pôr fim a violência”, pelo menos, atenuar. E sempre que ouço alguma autoridade dizendo que fez grandes avanços no combate à criminalidade, esse papo me dá um pouco de sono. Tipo papinho cabeça de pseudo-intelectual que se acha craque nas questões de segurança.
            Foi impactante o pedido de exoneração de José Mariano Beltrano, secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, desde 2007, o mais longevo da referida pasta. Um profissional (delegado) da Polícia Federal que implantou uma linha de trabalho baseada em inteligência e metas de longo prazo, no lugar da força bruta e do casuísmo político.
            Por meio de sua principal marca, as UPPS- Unidades de Polícia Pacificadora, buscou superar a relação conflituosa entre agentes da lei e moradores de bairro marcados pela violência. Vai ser muito difícil, senão impossível, continuar com o projeto ideário das UPPS com atual penúria financeira do Rio, cujo resultado, no Estado, a taxa por 100 mil habitantes caísse de 41,3, em 2006, para 25,4, em 2015; na capital, houve redução de 40,2 para 18,5, nesse período.
            Gosto de afirmar que a Cidade Maravilhosa é uma cidade incompleta - apesar de toda sua beleza e encantamento -, em razão da falta de segurança. Esse sentimento não é só do carioca, mas de todos aqueles que a visitam.
            Posso estar ficando gagá, mas, por mais que reflita, entendo que foi decepcionante a manifestação do governador do Rio, Pezão, como Pilatos, ele simplesmente lavou as mãos e lamentou a saída do seu secretário Beltrano. Mesmo em tempos bicudos, prefere está tratando de miudeza de outras políticas públicas.
            Mais uma jabuticaba imperdoável de nossos gestores é ficar refém da bandidagem por causa da falta de recursos financeiros. Enquanto a população fica à deriva e à espera que algo aconteça.

                                          LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                          lincoln.consultoria@hotmail.com
                                            Advogado e mestre em Administração

            

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