segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Flexibilização da legislação trabalhista

            Tomei conhecimento pelos noticiários que o governo Michel Temer só vai propor alguma mudança na legislação trabalhista a partir do segundo semestre de 2017.
            Para quem propôs fazer mudanças profundas na economia e no mercado de trabalho, tão logo assumisse definitivamente o governo, vejo que Temer teve (e tem) medo da reação da classe trabalhadora. Acontece: se não passar a expectativa de que dará conta do recado, peitando com coragem os gargalos de nossa economia, fazendo o país voltar a crescer, criará um sentimento de frustrações, o que resultará em um governo fraco.
            Antes de tentar engatilhar uma conversa mais longa sobre o assunto, devo dizer que a CLT rivaliza com o sistema tributário como uma das maiores fontes de questionamento. Não é por acaso que atualmente tramitam 4 milhões de ações trabalhistas, ao custo de 14 bilhões de reais em 2014. Enquanto no Japão, apenas 3 mil ações.
            A verdade é que temos uma legislação caótica, ultrapassada, ineficiente e que não está mais voltada para a realidade. Ela não acompanhou a evolução do mercado de trabalho. Continua ancorada em crença de 73 anos atrás, da época da máquina escrever mecânica. Só um pedante viciado em estudos ultrapassados ousaria aqui contestar.
            “Sua excelência, o povo”, como manifestou a ministra Cármen Lúcia na sua posse como presidente do STF, ou melhor, de outra forma, eu diria “Sua excelência, o desempregado”, não entre nessa briga inócua e desinteligente, ou quiçá, de petralha e de coxinha, sobre a flexibilização da legislação trabalhista. O trabalhador precisa encontrar um emprego. Essa polarização besta que existe no Brasil agora, não interessa ao trabalhador. Temos que repudiar “as forças do atraso”.
            Uma coisa é certa: os países que optaram pelo caminho da flexibilização passaram a ter menor desemprego e são mais competitivos. O Brasil não pode continuar na contramão. É preciso reformas. Ou se muda para acompanhar a globalização, ou fica tudo como está.
            Com seu talento cirúrgico para a análise, somado a um texto personalíssimo, Mailson da Nóbrega fala da necessidade de flexibilizar a legislação trabalhista, revogar o seu poder normativo e promover reformas que reduzam incertezas. Em suma: há que privilegiar a negociação coletiva e valorizar o entendimento entre trabalhadores e empresários.
            Pelo bem do trabalhador, pelo bem da economia brasileira, é imperiosa que essa reforma chegue logo.


                                                               LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                               lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                  Advogado e mestre em Administração

            

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