domingo, 11 de setembro de 2016

Crise de credibilidade política

            Acredite se quiser, mas já há um cheiro de queimado nas primeiras prestações de conta das eleições municipais, segundo o Ministério Público Eleitoral de São Paulo. Para burlar a legislação, que proíbe às doações de empresas a partir desta eleição, alguns candidatos a vereador e a prefeito estão usando CPF de amigos e de funcionários públicos com vista a levantar recursos para cobrir seus custos em suas campanhas eleitorais.
            E, convenhamos, numa conjuntura marcada pela profunda desmoralização das práticas políticas, não é de se estranhar que isso já esteja acontecendo, mesmo com a ação eficiente e temida da Lava-Jato. É preciso investigar tudo, esclarecer todas as evidências, punir os culpados. Só assim podemos valorizar o nosso processo eleitoral.
            Outro dia, vi-me no meio de um grupo de amigos onde rolava uma conversa sobre o atual momento político brasileiro. Com realce a pasteurização dos programas no horário eleitoral gratuito, cujo profissionalismo do “marketing” se sobrepõe ao debate autêntico sobre os graves problemas da cidade.
            Nesse processo midiático meio doido, cada um conta sua história, fala de suas propostas mirabolantes, revelas suas emoções, invoca seus caminhos. Diante desse esforço “fora da curva”, alguns candidatos sem experiência se acham dono da realidade,  ridicularizam seus adversários com o ódio desmedido, que tudo está errado e que a solução (para os males) passa por eles, como gênio da mediocridade e do fanatismo.
            Nenhum eleitor consciente vai perder seu tempo com tal presepada mentirosa e beligerante. A competição de cuspe à distância é mais atrativa. Votar consciente dá um pouco de trabalho, porém os resultados são positivos. O voto, numa democracia, é uma conquista do povo e deve ser usado com critério e responsabilidade.
            O nó é tomar uma decisão diante dos programas eleitorais nas emissoras de rádio e TV, parecem ser todos iguais. Não há saída, então? Há, sim. Nós temos que entender os projetos e ideias do candidato. Será que há recursos disponíveis para que ele execute aquele projeto, quando chegar ao poder? A experiência dos candidatos como gestor público? O partido político que ele pertence (ou aliado a outro) merece seu voto? Com certeza, estes questionamentos ajudam muito na hora de escolher seu candidato.
            Nessa época de eleição, os métodos de alguns candidatos são sempre abomináveis, passando pelas mãos dos mais descarados e cínicos. Recorrem a qualquer expediente para chegar ao poder. Para iludir o povo, sempre levantam bandeiras de apelo popular, como o combate à corrupção. Desviando, assim, a atenção de seus reais propósitos nebulosos - baseado na ideia imbecil da “soma zero”.
            Mas é nisso que eu insisto: votar em qualquer um pode ter consequências negativas sérias no futuro, sendo que depois é tarde para o arrependimento.


                                                      LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                      lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                         Advogado e mestre em Administração

           


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