Outro
dia conversava pelo facebook com um velho amigo de labuta, época (1972-1977) em
que trabalhamos juntos na CICLO-Cia.Brasileira de Serviços Fiduciários,
organização pioneira no Brasil na prestação de serviços do Crédito Direto ao
Consumidor, e pela qual me deu régua e compasso para o meu aprendizado
profissional.
Ao surfar nessas reminiscências, o
referido amigo lembrou-se de certo instrutor que veio do Rio de Janeiro para a
nossa filial de João Pessoa, com a incumbência de nos preparar para a realidade
do mundo corporativo: teoria e experiência prática.
Tal instrutor, de 60 anos, irônico, sardônico
e bom-mocismo, ficou gravado na minha memória. Quase enfartei aos 17 anos de
idade com as atitudes desse cara. Fugia do assunto e divagava em suas
preleções. Virou um clichê intragável.
Ademais, se envaidecia em nos dizer
que era oficial reformado da Marinha. Por isso as suas exigências extremas:
tínhamos que estar bem engravatados, barba feita, unhas e dentes extremamente
bem cuidados, cabelos cortados como militar, penteado bem fixado e sapatos
impecavelmente engraxados. Aos empregados mais graduados, terno de três peças
sob medida.
Foi um baita problemão termos que
cortar os cabelos, uma vez que era a marca da nossa juventude. Quem não cumpria
essa exigência era automaticamente demitido, levando consigo ainda o
estereótipo de playboy. Esquecia ele que essa figura, então rotulada, era
também o símbolo da tolerância, da inteligência e da modernidade entre os
jovens.
Em um estalo de sensibilidade, eu
tive um palpite: de que tudo não passava de uma baboseira autoritária para nos
intimidar. Comportamento aparentemente amalucado e desnecessário.
De montanha-russa, basta a vida.
Jamais, hoje, permitiria esse tipo de prática. Às favas com o bom-mocismo.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre
em Administração
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