Lembro-me
como se fosse hoje quando estive pela primeira vez na cidade do Rio de Janeiro,
no final da década de 70, em visita ao Museu Nacional; cujo acervo histórico foi
formado ao longo de mais de dois séculos. Foi, sim, uma experiência
indescritível.
Agora, infelizmente, só cinza! Basta
um olhar mais aguçado para perceber o que aconteceu com esse patrimônio
cultural é de uma “desgraça anunciada”. Iria acontecer mais cedo ou mais tarde.
É inadmissível e entristecedor o descaso das autoridades.
Isso é um carma, um absurdo. Eu me
senti péssimo. O Brasil decente que almejamos não pode aceitar uma situação
como essa. À luz da grandeza do Museu Nacional, parecem apequenar-se os
manifestantes (de última hora) que se postaram em protesto. Por que não fizeram
isso antes?
O incêndio do Museu Nacional
consumiu milhões de peças; destruídas para sempre em apenas algumas décadas de
cinismo, incompetência e corrupção estatal. Mais alguns meses e o assunto
estará esquecido até a próxima tragédia. Simples assim, nesta nação sem noção.
Óbvio, tudo obviedade, filme velho.
Sem truque semântico, o que sinto
nesta hora é um misto de tristeza e decepção. Sou brasileiro, mais zero
nacionalista barato para esse tipo de coisa. O Museu Nacional havia sido
inspecionado pelo Corpo de Bombeiro há dez anos. Diante do fogo, dos hidrantes
não saia água.
Quanto aos gestores responsáveis
pela administração do Museu Nacional - todos agarrados ao poder e suas benesses
-, deveriam ter tomado uma atitude: pedir demissão denunciando a falta de
verbas para gerir a instituição. Foi isso que ocorreu com Adib Jatine quando
lhe negaram recursos para o Ministério da Saúde.
Chega às raízes do deboche, quando
vejo que nos últimos anos o Rio de Janeiro inauguraram dois novos museus, o da
Amanhã e o de Arte, enquanto que o Museu Nacional estava em completo abandono.
Dá para entender isso?
LINCOLN
CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
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