Quando
tomei conhecimento da morte do jornalista Otávio Frias Filho (21/8),
coincidentemente eu estava concluindo a leitura do “Manual da Redação Folha de
S.Paulo”, edição 2018. Uma obra que exprime e demarca uma verdadeira escola de
imprensa.
O referido manual é um legado
deixado por Otávio Frias, onde convoca a atividade jornalística como se ela
fosse, mais que um ofício ou uma profissão, um estágio avançado de militância.
Sob o pressuposto de que a difusão de informações confiáveis e opiniões
qualificadas estimulam o exercício da cidadania e contribui para o
desenvolvimento das ideias e da sociedade.
Sou assinante da Folha há mais de 25
anos e presenciei as mudanças do jornal, em que Otávio atuava como seu diretor
de redação. Sábio e visionário, ele fez muito pelo jornalismo apartidário e
modernizador. Um brasileiro empreendedor, lúcido e democrático. Um intelectual
tão humano e com um olhar atento às diversidades e à inclusão. Destacou-se
ainda pela inteligência e capacidade de levar a notícia de forma plural e democrática.
Segundo os seus amigos mais próximos, ele era de uma cortesia infinita, fosse com
quem fosse. Não se preocupava a dar exemplo. Preferia escutar argumentos a dar
ordens.
A sua morte deixa a imprensa
nacional de luto. Sempre respeitou o contraditório e ouvindo a versão dos
mencionados em suas reportagens. Quebrou o monopólio do “pensamento único” da
imprensa brasileira. A sua morte é uma perda para o jornalismo opinativo, sobretudo
em um momento em que veículos sucumbem por não conseguirem se adaptar ao
binômio qualidade-rapidez da notícia.
Otávio se foi, mas nos deixa o exemplo
de um grande jornalista, que ajudou a construir o maior jornal do Brasil, que
em tempos difíceis combateu a ditadura e que participou dos movimentos pela
redemocratização do país.
Enfim, o Brasil perde uma
referência, uma voz nobre e respeitada.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
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