segunda-feira, 4 de setembro de 2017

A dívida brasileira

            Já disse várias vezes, aqui neste espaço, que sou um otimista contumaz. Mas nem sempre é fácil ter essa percepção à dura prova da realidade que ora passa a economia no Brasil, sobretudo quando vejo o relato feito por um dos mais lendários financistas do País, Luiz Cezar Fernandes.
            Com seu jeito despojado e sem papas na língua, ele diz que o Brasil pode estar caminhando para um calote da dívida interna. Não é suportável com os níveis de taxa de juros. Se o Banco Central reduzisse a taxa Selic para algo em torno de 5% ao ano, nada aconteceria com a inflação. Criticou ainda o rentismo da economia brasileira, que criou uma sociedade de pessoas que vivem de juros, e não da produção. Olha quem está falando isso é um banqueiro, que fundou instituições como Garantia e Pactual.
            Na sua visão, a situação brasileira é mais grave do que da Grécia e a necessidade de ajuste fiscal pode vir a ser muito maior. Ele cita o exemplo de Portugal, em que salários de servidor público chegaram a ser reduzidos em cerca de 30%.
            Tenho que reconhecer que a nossa situação é de urgência. O milagre do crescimento exponencial das receitas, pressupostos para o atendimento do conjunto das demandas, não ocorreu. Apesar de alguns modestos sinais de melhoria da economia, a crise continua braba. Uma verdade indigesta, infelizmente.
            Para quem já queimou os fusíveis, como eu, ainda tento entender o vaivém da nossa política monetária. É insuportável a dívida brasileira com esses níveis de taxa de juros. Não tenho curso de leitura de mãos, mas está na cara que se for mantida a trajetória atual de juros, um calote da dívida é inevitável.
            Com toda franqueza, com essa recessão desenfreada e com a inflação abaixo da meta (sob controle), não podemos perder tempo mais uma vez, aceitando outro ciclo de inércia, de incompetência exacerbada, atraso deliberado, ganância bancária...
            Como diz um bordão de um programa humorista: “E o povo, ó...”.


                                                   LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                 lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                             Advogado e mestre em Administração   

               

            

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