terça-feira, 14 de novembro de 2017

Preconceito e intolerância

            O articulista J.R.Guzzo se superou em sua última crônica (“Um país de chatos”- Veja). Diz tudo de maneira leve e hilária, com seu incompatível estilo. É um ensaio maravilhoso de jornalismo sério, imparcial e de pesquisa.
            Eu me curvo ante a riqueza do referido texto quando fala que não existe hoje no Brasil obrigação moral e cívica mais cobrada do cidadão do que se manifestar contra o “preconceito” e a “intolerância”. Virou uma celeuma, um mal-estar – infelizmente.
            É vero. Nelson Rodrigues, o maior autor de teatro que o Brasil já teve, quiçá um dos melhores da literatura mundial se não tivesse nascido, vivido e escrito na língua portuguesa. Hoje, vivo estivesse, seria considerado uma ameaça nacional, um conservador, um intolerante, um preconceituoso e até um fascista.
            A Justiça, por sua vez, seria implacável contra ele. Seja por machismo, racismo ou homofobia. Decerto não estaria mais morando no Brasil diante de um ambiente assim. Tudo aqui passou a ser carimbado como raça de intolerantes. Como assevera Guzzo: “Uma sociedade mal-humorada, neurastênica e hostil à liberdade de expressão”.
            A que ponto chegamos! Até o Enem estabeleceu dar nota zero para os estudantes que escrevessem na prova de redação alguma coisa contrária aos “direitos humanos”. Ainda: hostilidade a ideias discordantes da “identidade de gênero”. E o caso de William Waack, numa conversa privada, quase inaudível, uma piada “coisa de preto”, tenha tido tanta repercussão, mesmo pedindo desculpas aos que se sentiram ofendidos.
            Confesso que sou contra qualquer tipo de preconceito, do tipo racial, religioso, sexual, étnico ou qualquer outro ato discriminatório. No entanto, reconheço que estão banalizando exageradamente essa questão. Para insurgir contra isso é necessário que a situação (do preconceito) esteja caracterizada e contextualizada. Exemplo: impedir a entrada de um asiático, e não dos demais, em um restaurante aberto ao público.
            Tudo isso escapa ao senso comum, ultrapassa a razão.                    


                                                   LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                    lincoln.conusltoria@hotmail.com
                                                                         Advogado e mestre em Administração





            

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