A
mim parece inequívoco em dizer que os partidos políticos estão em crise. Estão
agindo exclusivamente por pragmatismo eleitoral, de olho nos fundos de recursos
públicos; que são indolentes com a formação e inconsequentes na seleção de
candidatos; que possuem “dono”, instrumentos de cúpulas sem bases sociais.
A literatura brasileira,
especialmente em Jorge Amado, não nos relata nenhum prostíbulo com tamanha
esculhambação. Realmente, a imbecilidade tomou conta dos partidos. Basta ver o
que está ocorrendo por aqui (na Paraíba) com o PSB: um sem-número de filiados
colocados no balaio dos “indignados”.
A maioria dos partidos está fazendo
proselitismo político de quinta, ou vem de fato, cometendo abusos, ou não honra
com os seus compromissos programáticos. Espécie de predadores puro sangue da
política. É preciso o eleitor estar atento a outras opiniões, outros olhares e
outras tintas com esse estado de coisas: picaretagem política.
Segundo a Datafolha, apenas 4% dos
brasileiros confiam muito nos partidos, enquanto 58% não confiam nem um pouco.
O quadro (de figuras medíocres e melancólicas) não surgiu no vácuo. É resultado
direto de partidos sem organicidade, sem alternância de poder, sem democracia
interna, sem transparência e sem estruturas de governança eficientes para
mediação de conflitos e tomada de decisões.
Ora, como diz Paulo Gontijo, do
grupo Movimento Livre, nossa política hoje está dominada por cartórios
eleitorais incapazes de cumprir sua missão de aglutinação e representação de
setores da sociedade. As siglas formam um oligopólio subsidiado, com forte
acesso a dinheiro público e blindado da competição.
Tudo isso é verdade dessa tosca
malandragem. Mais: a questão da punição por infidelidade partidária só faria
sentido se os partidos fossem orgânicos, sem interferência rasteira do poder de
uma cúpula de caciques sem representatividade.
Não podemos ser cego a realidade. E
por isso, concluo, que no Brasil, ser presidente de uma legenda partidária
virou algo taxado como artigo de luxo.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
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