segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Crise dos partidos políticos


            A mim parece inequívoco em dizer que os partidos políticos estão em crise. Estão agindo exclusivamente por pragmatismo eleitoral, de olho nos fundos de recursos públicos; que são indolentes com a formação e inconsequentes na seleção de candidatos; que possuem “dono”, instrumentos de cúpulas sem bases sociais.
            A literatura brasileira, especialmente em Jorge Amado, não nos relata nenhum prostíbulo com tamanha esculhambação. Realmente, a imbecilidade tomou conta dos partidos. Basta ver o que está ocorrendo por aqui (na Paraíba) com o PSB: um sem-número de filiados colocados no balaio dos “indignados”.
            A maioria dos partidos está fazendo proselitismo político de quinta, ou vem de fato, cometendo abusos, ou não honra com os seus compromissos programáticos. Espécie de predadores puro sangue da política. É preciso o eleitor estar atento a outras opiniões, outros olhares e outras tintas com esse estado de coisas: picaretagem política.
            Segundo a Datafolha, apenas 4% dos brasileiros confiam muito nos partidos, enquanto 58% não confiam nem um pouco. O quadro (de figuras medíocres e melancólicas) não surgiu no vácuo. É resultado direto de partidos sem organicidade, sem alternância de poder, sem democracia interna, sem transparência e sem estruturas de governança eficientes para mediação de conflitos e tomada de decisões.
            Ora, como diz Paulo Gontijo, do grupo Movimento Livre, nossa política hoje está dominada por cartórios eleitorais incapazes de cumprir sua missão de aglutinação e representação de setores da sociedade. As siglas formam um oligopólio subsidiado, com forte acesso a dinheiro público e blindado da competição.
            Tudo isso é verdade dessa tosca malandragem. Mais: a questão da punição por infidelidade partidária só faria sentido se os partidos fossem orgânicos, sem interferência rasteira do poder de uma cúpula de caciques sem representatividade.
            Não podemos ser cego a realidade. E por isso, concluo, que no Brasil, ser presidente de uma legenda partidária virou algo taxado como artigo de luxo.
           

                                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                          lincoln.consultoria@hotmail.com
                                          Advogado e mestre em Administração

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