Entrei
no elevador do meu prédio residencial e, assim que a porta fechou, dei de cara
com um senhor já da terceira idade – de 70 anos, por aí. Olho pra cima, pra
baixo, pros lados, mas sem descolar o olhar (sutil) da sua camisa azul puída
com a frase: “Não estou envelhecendo. Estou me tornando um clássico”. Achei um
barato!
É difícil falar desse tema sem soar
clichê como um livro de autoajuda, um budista ou um expoente desse bem popular
de palestra motivacional. A verdade é que o tema da “nova velhice” nunca foi
tão discutido. Raras são as edições de jornais e revistas que não trazem
matérias sobre como envelhecer com saúde ou de que forma tornar mais leve essa
pesada fase da vida.
Seja na internet, seja em sítios
especializados, não faltam discussões, dão receitas, defendem direitos e se
transformam em plataformas de venda de produtos para os idosos. Alguns
políticos elegem-se com os votos da chamada terceira idade. As agências de
turismo lançam programas específicos de passeios e viagens pelo mundo. É a
exuberância do novo segmento de consumo.
Que emoção maravilhosa sentir-se
representado. Foi assim que me senti quando li o depoimento da professora Diva
Guimarães, 80 anos, na última Festa Literária Internacional de Paraty (Flip),
“O pior preconceito que pode existir com uma pessoa mais velha é achar que ela
é idiota e só atrapalha. Escuto nos ônibus: ‘Esses velhos só incomodam, por que
não ficam em casa? Não pagam a passagem e ainda querem sentar’. Não falo nada.
Só dou uma olhada, e penso: ‘quando você chegar - se chegar – à minha idade,
você vai ver...’”.
Prossegue na sua firmeza: “É triste
porque, antigamente, as pessoas eram educadas a respeitar os mais velhos, mas,
hoje, talvez por muitos pais estarem terceirizando a educação dos filhos, tem
uma moçada que acha que pode tudo”.
A maior lição que extrai dessa
história de Diva é que viver a terceira idade é um privilégio concedido por
Deus. Pois saber envelhecer é saber viver.
LINCOLN CARTAXO
DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
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