Continuo
lendo livros, jornais, revistas. E quando eu tenho uma ideia, se estou na rua,
eu decoro. Como sempre fiz. Aí chego em casa e anoto aquilo na minha agenda
visando à publicação do meu artigo semanal.
Faço isso antes de tamborilar
qualquer coisa no teclado do meu computador. Foi nessa rota que me veio à mente
um dos nossos grandes vultos da história brasileira, Ruy Barbosa, seja pelas
qualidades de exímio jurista, seja pela sua postura de político.
Não é para menos, tal lembrança,
diante da fragilidade da política do Brasil, em que temos um ex-presidente
preso, outro pendurado em várias acusações e uma imensidão de políticos sob
investigação de corrupção, desvio de dinheiro etc.
Além das qualidades acima referidas,
Ruy era um grande ser humano. Quando seu pai João Barbosa faleceu, deixou
várias dívidas decorrentes de compromissos para dar ao filho Ruy a mais
esmerada instrução. Fazia empréstimos para pagar outros empréstimos. Vivia em
permanente angústia com o assédio dos credores.
Somente depois da morte do pai é que
Ruy Barbosa tomou conhecimento da extensão dos seus sacrifícios. E ficou tão
comovido com o desvelo paterno, que resolveu honrar a sua memória, resgatando
todas as suas dívidas, mesmo sabendo que estavam prescritas.
Ainda jovem, recém formado, procurou
os credores, acertando prazos para os pagamentos e estabelecendo os juros.
Anotou tudo numa caderneta, que acompanhou ao longo de 12 anos, tempo este que
o levou para saldar todas as dívidas que o zeloso pai contraíra para lhe dar
uma educação de qualidade.
Ao saldar o último compromisso, Ruy
Barbosa registrou na caderneta a seguinte anotação: “Nasci na pobreza, e tal me
honro, porque esta pobreza era a coroa de uma vida, que o amargor do sacrifício
não deixou frutificar em prosperidade. Com suor de muitas agonias, transformar
espinhos em frutos de bênção, fazendo do meu trabalho um manto de respeito para
a memória de meu pai”.
LINCOLN
CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em administração
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