Começo
este texto dizendo que a Argentina é um vulcão de complicações. E o novo
presidente eleito, peronista Alberto Fernández, tem consciência desse embaraço.
A Argentina está atravessando uma
intensa crise econômica que já dura aproximadamente 30 anos. Essa crise se
agravou com a desvalorização do peso argentino, com uma alta taxa de inflação (60%
ao ano) e com o pedido de ajuda do país ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
A coisa tá feia, tá braba!
É desarrazoado quando Fernández diz:
“Vamos impulsionar o crescimento pela via do consumo”. Ora, 90% das coisas que
se consomem na Argentina são compradas em dólares, não sei de onde ele vai
tirar (mais) dólares, se o problema central da sua economia está em sua balança
comercial - deficiência da conta corrente.
Nos últimos anos, a economia da
Argentina entrou em um período de estagnação, apresentando um crescimento muito
lento que, aliado às altas taxas de desemprego, agravou cada vez mais a crise
fiscal, pois os gastos do governo se mantiveram mais altos que a arrecadação.
Nesse cenário cabuloso, que provoca o
desemprego, faz com que as pessoas consumam menos – ou porque elas não têm
dinheiro ou porque preferem guardá-lo devido às expectativas de inflação. Isso
gera uma menor movimentação da economia e, portanto, uma menor arrecadação do
governo, o que intensifica a crise fiscal.
Os nossos hermanos argentinos ficam sem
entender a razão de todo esse pesadelo/problemão econômico. Apesar de eles
terem terras férteis, água doce que desce dos Andes, riqueza mineral nas
montanhas, jazidas de petróleo na Patagônia e um impulso de trabalho (meritório)
vindo com a imigração européia.
Com certo trocadilho irônico, costuma
atribuir ao Prêmio Nobel de Economia Simon Kuznets, a constatação de que há
quatro tipos de países no mundo: os desenvolvidos, os que estão em vias de
desenvolvimento, o Japão – que superou a Segunda Guerra e é uma potência
econômica – e a Argentina, que fez o caminho inverso.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
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