A
arte está de luto. O pintor e escultor colombiano Fernando Botero, conhecido
internacionalmente por suas figuras rechonchudas que desafiaram os padrões de
beleza, morreu aos 91 anos, na sexta-feira do dia 15 de setembro do corrente
ano.
Em viagem de férias à Medellin
(Colômbia), em 2016, pude constatar a beleza de suas obras (esculturas)
instalada numa praça no centro da referida cidade. Confesso: fiquei endiabrado,
sabe-se lá o quê, com o que vi, uma suprema arte do belo. Foi muito
emocionante. Muito.
Como diz um articulista, Botero e
Gabriel Garcia Márquez são símbolos de uma época de ouro da cultura colombiana.
Suas esculturas decoraram a Champs-Élysées, em Paris, a Park Avenue, em Nova
York e o Paseo de Recoletos, em Madri, entre outras ruas renomadas de capitais
do mundo.
O cara era apaixonado pelo
Renascimento italiano, ele se proclamou acima de tudo um “defensor do volume”
na arte moderna e desenhou figuras rechonchudas, uma estética que ficou
conhecida como “boterismo”.
É verdade. Suas telas e esculturas
têm sempre apelo sensual, voluptuoso, e clima de fantasia, mas o artista também
abordou temas sombrios, em trabalhos relacionados com a violência gerada pelas
drogas na Colômbia.
Reparem, quando Botero tinha 15
anos, treinava para ser toureiro e lhe ocorreu vender desenhos numa praça em
Bogotá. Ele era fascinado pelo cartazista mexicano Carlos Ruano Llopis, que
pintava touradas, e começou a imitá-lo. Depois de vender uma dessas obras por
um valor irrisório, começou a pensar em abandonar as touradas e se tornar
artista. E que deu certo. Como deu!
Meu genro, Andrés López, colombiano,
tem um orgulho danado desse seu famoso conterrâneo. Destacando-se que é o
artista latino-americano mais vendido durante sua vida, pois Botero quebrou o
próprio recorde no ano passado, quando sua escultura “Homem a Cavalo” alcançou
US$ 4,3 milhões, ou cerca de R$ 20 milhões, num leilão da Christie’s.
Foi um importante patrono, com
doações estimadas em mais de US$ 200 milhões, ou R$ 973 milhões. O artista doou
muitas de suas obras aos museus de Medellín e Bogotá, que em 2012 foram
declarados bens de interesse cultural pelo governo colombiano.
Seu legado, que inclui mais de 3.000
pinturas e 300 esculturas, foi pautado por sua insaciável sede de criação. Nos
últimos anos, Botero trabalhou dez horas por dia, febrilmente. Sua filha Lina
Botero disse que o pai não pintava mais a óleo, porque dava muito trabalho
ficar em pé, mas com aquarela. A mera ideia de desistir dos pinceis, afinal, o
aterrorizava mais do que a morte, afirmou sou filha.
O presidente da Colômbia Gustavo
Petro, assim se manifestou: “Morreu Fernando Botero, o pintor das nossas
tradições e imperfeições, o pintor das nossas virtudes. O pintor da nossa
violência e da paz”.
Sim. O mundo da arte está de luto. E
o resto é silêncio, como disse Hamlet (de Shakespeare).
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Nenhum comentário:
Postar um comentário