sábado, 24 de fevereiro de 2024

O genial Fernando Botero

 

            A arte está de luto. O pintor e escultor colombiano Fernando Botero, conhecido internacionalmente por suas figuras rechonchudas que desafiaram os padrões de beleza, morreu aos 91 anos, na sexta-feira do dia 15 de setembro do corrente ano.

            Em viagem de férias à Medellin (Colômbia), em 2016, pude constatar a beleza de suas obras (esculturas) instalada numa praça no centro da referida cidade. Confesso: fiquei endiabrado, sabe-se lá o quê, com o que vi, uma suprema arte do belo. Foi muito emocionante. Muito.

            Como diz um articulista, Botero e Gabriel Garcia Márquez são símbolos de uma época de ouro da cultura colombiana. Suas esculturas decoraram a Champs-Élysées, em Paris, a Park Avenue, em Nova York e o Paseo de Recoletos, em Madri, entre outras ruas renomadas de capitais do mundo.

            O cara era apaixonado pelo Renascimento italiano, ele se proclamou acima de tudo um “defensor do volume” na arte moderna e desenhou figuras rechonchudas, uma estética que ficou conhecida como “boterismo”.

            É verdade. Suas telas e esculturas têm sempre apelo sensual, voluptuoso, e clima de fantasia, mas o artista também abordou temas sombrios, em trabalhos relacionados com a violência gerada pelas drogas na Colômbia.

            Reparem, quando Botero tinha 15 anos, treinava para ser toureiro e lhe ocorreu vender desenhos numa praça em Bogotá. Ele era fascinado pelo cartazista mexicano Carlos Ruano Llopis, que pintava touradas, e começou a imitá-lo. Depois de vender uma dessas obras por um valor irrisório, começou a pensar em abandonar as touradas e se tornar artista. E que deu certo. Como deu!

            Meu genro, Andrés López, colombiano, tem um orgulho danado desse seu famoso conterrâneo. Destacando-se que é o artista latino-americano mais vendido durante sua vida, pois Botero quebrou o próprio recorde no ano passado, quando sua escultura “Homem a Cavalo” alcançou US$ 4,3 milhões, ou cerca de R$ 20 milhões, num leilão da Christie’s.

            Foi um importante patrono, com doações estimadas em mais de US$ 200 milhões, ou R$ 973 milhões. O artista doou muitas de suas obras aos museus de Medellín e Bogotá, que em 2012 foram declarados bens de interesse cultural pelo governo colombiano.

            Seu legado, que inclui mais de 3.000 pinturas e 300 esculturas, foi pautado por sua insaciável sede de criação. Nos últimos anos, Botero trabalhou dez horas por dia, febrilmente. Sua filha Lina Botero disse que o pai não pintava mais a óleo, porque dava muito trabalho ficar em pé, mas com aquarela. A mera ideia de desistir dos pinceis, afinal, o aterrorizava mais do que a morte, afirmou sou filha.

            O presidente da Colômbia Gustavo Petro, assim se manifestou: “Morreu Fernando Botero, o pintor das nossas tradições e imperfeições, o pintor das nossas virtudes. O pintor da nossa violência e da paz”.

            Sim. O mundo da arte está de luto. E o resto é silêncio, como disse Hamlet (de Shakespeare).

 

                                                   LINCOLN CARTAXO DE LIRA

           

           

           

 

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