sábado, 24 de fevereiro de 2024

Futuro das cidades

 

            Tema que deve preocupar não só os nossos gestores, eleitos para administrar suas cidades, mas todos aqueles que vivem e buscam por uma melhor qualidade de vida. 

      É preciso entender que a cidade é o espaço privilegiado do encontro. Esta é uma das mais simples e poéticas definições de cidade, a maior e mais complexa invenção humana, onde se fundem espaço, lugar e território. Onde a humanidade se abriga, frágil e franzina, para enfrentar o vigor da natureza.
            Um olhar mais preciso mostra que a cidade é o território dos conflitos e contradições, sendo o encontro, de fato, o instrumento para superá-los.

            É bom prestarmos atenção em uma coisa: nas últimas quintas décadas nosso país transformou-se de majoritariamente a área rural em urbana, ou seja, 80% de nossa população vivem em cidades. Tem mais: todos os dias, as cidades do mundo crescem cerca de 60 km² - uma área equivalente ao distrito de Manhattan, em Nova York. 

            A tendência que o eleitor brasileiro não quer simplesmente escolher o “menos pior”. Já não mais aceita atuação de modo empírico, improvisado ou despreparado. Sem falar, evidentemente, do inarredável senso e respeito no trato do dinheiro público. Nós, brasileiros, estamos cansados de falsas promessas. Esse descaso não é de agora, vem de anos. Imbróglio mais que indigesto!

            “O carro é o cigarro do futuro”. Pincei essa frase do relato de uma entrevista concedida pelo saudoso e estudioso das questões urbanas, Jaime Lerner, considerado por muito tempo guru dos prefeitos e urbanistas por sua boa experiência na melhoria do transporte público de Curitiba. Explicando melhor: sua defesa do transporte público não elimina o uso do carro. Mas já antever o fim de uma era do carro. Não é que não vai ter mais, mas ele será usado apenas para viagens, lazer.  

            Uma coisa puxa a outra. Segundo esse genial arquiteto, a prioridade para o transporte público pode ajudar o problema da moradia nas cidades. Cada carro ocupa duas vagas, uma em casa e outra no trabalho, o que dá 50m². Isso equivale o tamanho de muitas moradias populares. Resolvendo, assim, o problema de habitação de muita gente. 

            Uma vez, em conversa entre amigos, alguém comentou que os prefeitos de hoje têm que ter admiração e completo conhecimento da cidade que administra. Ademais, não se pode ajoelhar para os automóveis. Tem que priorizar o bem comum, o coletivo, em vez do individual e do privado, cuidar de quem cuida, reduzir desigualdades. 

            Estamos aguardando, dos nossos gestores munícipes, um novo jeito de ser, de gerir e de pensar sobre as nossas cidades. 

 

 

                                              LINCOLN CARTAXO DE LIRA 

 

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