Tema
que deve preocupar não só os nossos gestores, eleitos para administrar suas
cidades, mas todos aqueles que vivem e buscam por uma melhor qualidade de
vida.
É
preciso entender que a cidade é o espaço privilegiado do encontro. Esta é uma
das mais simples e poéticas definições de cidade, a maior e mais complexa
invenção humana, onde se fundem espaço, lugar e território. Onde a humanidade
se abriga, frágil e franzina, para enfrentar o vigor da natureza.
Um olhar mais preciso mostra
que a cidade é o território dos conflitos e contradições, sendo o encontro, de
fato, o instrumento para superá-los.
É bom prestarmos atenção em
uma coisa: nas últimas quintas décadas nosso país transformou-se de
majoritariamente a área rural em urbana, ou seja, 80% de nossa população vivem
em cidades. Tem mais: todos os dias, as cidades do mundo crescem cerca de 60
km² - uma área equivalente ao distrito de Manhattan, em Nova York.
A tendência que o eleitor brasileiro
não quer simplesmente escolher o “menos pior”. Já não mais aceita atuação de
modo empírico, improvisado ou despreparado. Sem falar, evidentemente, do
inarredável senso e respeito no trato do dinheiro público. Nós, brasileiros,
estamos cansados de falsas promessas. Esse descaso não é de agora, vem de anos.
Imbróglio mais que indigesto!
“O
carro é o cigarro do futuro”. Pincei essa frase do relato de uma entrevista
concedida pelo saudoso e estudioso das questões urbanas, Jaime Lerner,
considerado por muito tempo guru dos prefeitos e urbanistas por sua boa
experiência na melhoria do transporte público de Curitiba. Explicando melhor:
sua defesa do transporte público não elimina o uso do carro. Mas já antever o
fim de uma era do carro. Não é que não vai ter mais, mas
ele será usado apenas para viagens, lazer.
Uma
coisa puxa a outra. Segundo esse genial arquiteto, a prioridade para o
transporte público pode ajudar o problema da moradia nas cidades. Cada carro
ocupa duas vagas, uma em casa e outra no trabalho, o que dá 50m². Isso equivale
o tamanho de muitas moradias populares. Resolvendo, assim, o problema de
habitação de muita gente.
Uma
vez, em conversa entre amigos, alguém comentou que os prefeitos de hoje têm que
ter admiração e completo conhecimento da cidade que administra. Ademais, não se
pode ajoelhar para os automóveis. Tem que priorizar o bem comum, o coletivo, em
vez do individual e do privado, cuidar de quem cuida, reduzir
desigualdades.
Estamos
aguardando, dos nossos gestores munícipes, um novo jeito de ser, de gerir e de
pensar sobre as nossas cidades.
LINCOLN
CARTAXO DE LIRA
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