Todos
os dias, a violência contra as mulheres é exposta nos noticiários. Não se pode
romantizar os relacionamentos tóxicos. Uma vez que o amor não fere. O amor não
silencia. E o amor não mata.
Acredite se quiser: seis em cada dez
mulheres que foram vítimas de violência praticada por homens não procuraram
autoridades de segurança para registrar o crime. A constatação é da Pesquisa
Nacional de Violência contra a Mulher, divulgada recentemente pelo Instituto
DataSenado e o Observatório da Mulher contra a Violência.
Tem mais: entre as 21,7 mil
brasileiras consultadas, 30% afirmam já ter sofrido algum tipo de violência
doméstica ou familiar, e destas, apenas 40% registraram os episódios junto ao
poder público.
O que mais me chamou atenção no caso
desse tipo de violência, que tomou conta do país nos últimos tempos, foi o fato
de o marido agressor ter justificado seu comportamento como sendo
“desinteligência entre casal”.
Como assim “desinteligência entre
casal”? Ora, tive a curiosidade de recorrer ao Google, e lá apareceu a seguinte
definição: diferença entre opiniões ou pontos de vista; divergência; conflito
por falta de concordância; desavença; desentendimento.
Ora, ora... Violência não é
“desinteligência entre casal”, e sim crime!
É a tese levantada pela defesa do
caso da apresentadora Ana Hickmann, um estopim, para a sociedade brasileira
acordar e denunciar a violência contra mulher que acontece todos os dias. Não
deixa de ser uma tese insana, cansativa e até mesmo ignorante.
A verdade é que não dá para criar
atalhos sobre esse tema. Sempre observei isso.
Nesse caldo, temos a violência
sexual contra a mulher, que é um crime invisível, onde há muito tabu por trás
dessa falta de dados. Pois muitas mulheres estupradas não prestam queixa. Às
vezes, nem falam em casa porque existe a cultura de culpá-las mesmo sendo
vítimas. Ah, isso tudo dói um bocado.
O silêncio é a maior arma dos
agressores para perpetuar essa prática escabrosa. Quando o silêncio prevalece,
protege o agressor.
Digo sem rodeios: temos que ir até a
raiz do problema, enquanto isso não mudar, não vamos mudar esse quadro triste
de violência contra as mulheres.
Não basta só adotar penas duras (da
legislação criminal) para quem comete essa violência, é preciso mudar a
mentalidade das pessoas através da educação. Só por meio dela, da discussão
sobre feminismo e gênero nas escolas, nas universidades e em todos os locais,
que vamos conseguir evitar essa maldade transloucada.
Chega de culpar a vítima! Chega de
justificar as ações do agressor. Toda forma de ódio precisa ser contida.
Basta de crueldade! Denuncie!
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
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