sábado, 24 de fevereiro de 2024

Violência contra as mulheres

 

           Todos os dias, a violência contra as mulheres é exposta nos noticiários. Não se pode romantizar os relacionamentos tóxicos. Uma vez que o amor não fere. O amor não silencia. E o amor não mata.

            Acredite se quiser: seis em cada dez mulheres que foram vítimas de violência praticada por homens não procuraram autoridades de segurança para registrar o crime. A constatação é da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, divulgada recentemente pelo Instituto DataSenado e o Observatório da Mulher contra a Violência.

            Tem mais: entre as 21,7 mil brasileiras consultadas, 30% afirmam já ter sofrido algum tipo de violência doméstica ou familiar, e destas, apenas 40% registraram os episódios junto ao poder público.

            O que mais me chamou atenção no caso desse tipo de violência, que tomou conta do país nos últimos tempos, foi o fato de o marido agressor ter justificado seu comportamento como sendo “desinteligência entre casal”.

            Como assim “desinteligência entre casal”? Ora, tive a curiosidade de recorrer ao Google, e lá apareceu a seguinte definição: diferença entre opiniões ou pontos de vista; divergência; conflito por falta de concordância; desavença; desentendimento.

            Ora, ora... Violência não é “desinteligência entre casal”, e sim crime!

            É a tese levantada pela defesa do caso da apresentadora Ana Hickmann, um estopim, para a sociedade brasileira acordar e denunciar a violência contra mulher que acontece todos os dias. Não deixa de ser uma tese insana, cansativa e até mesmo ignorante.

            A verdade é que não dá para criar atalhos sobre esse tema. Sempre observei isso.

            Nesse caldo, temos a violência sexual contra a mulher, que é um crime invisível, onde há muito tabu por trás dessa falta de dados. Pois muitas mulheres estupradas não prestam queixa. Às vezes, nem falam em casa porque existe a cultura de culpá-las mesmo sendo vítimas. Ah, isso tudo dói um bocado.

            O silêncio é a maior arma dos agressores para perpetuar essa prática escabrosa. Quando o silêncio prevalece, protege o agressor.

            Digo sem rodeios: temos que ir até a raiz do problema, enquanto isso não mudar, não vamos mudar esse quadro triste de violência contra as mulheres.

            Não basta só adotar penas duras (da legislação criminal) para quem comete essa violência, é preciso mudar a mentalidade das pessoas através da educação. Só por meio dela, da discussão sobre feminismo e gênero nas escolas, nas universidades e em todos os locais, que vamos conseguir evitar essa maldade transloucada.

            Chega de culpar a vítima! Chega de justificar as ações do agressor. Toda forma de ódio precisa ser contida.

            Basta de crueldade! Denuncie!

 

               

                                           LINCOLN CARTAXO DE LIRA

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