Para
início de conversa, os especialistas debatem o legado de Paulo Freire e a
necessidade de a escola abordar sua concepção.
Nunca é demais lembrar que o método
de Paulo Freire enfatizava a importância de trabalhar a alfabetização como um
processo político, em que a leitura e a escrita são instrumentos de libertação
e empoderamento dos oprimidos.
Ele tinha a inteligência de apontar
as mazelas da sociedade, acelerados pelas desigualdades sociais, mas buscava
saídas através da educação.
Em 1963, foi feito em Angicos (RN) a
primeira aplicação em grande escala do método de alfabetização desenvolvido
pelo educador Paulo Freire. Em 40 horas, trezentas pessoas foram alfabetizadas.
Os recursos para esse projeto vieram
de um convênio do governo do Rio Grande do Norte com o Ministério da Educação e
Cultura, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e a Agência
dos Estados Unidos para o desenvolvimento Internacional (Usaid).
Detalhe: como Freire temia
intervenções no seu trabalho, exigiu autonomia pedagógica e política, o que lhe
foi garantido.
Parte do método dele consistia em
substituir a aula expositiva pelo diálogo, com o professor provocando os
estudantes a contarem o que pensavam sobre assuntos do seu cotidiano. O
objetivo era aprofundar a consciência crítica, uma novidade em relação aos
processos de alfabetização praticados até aquele momento.
No discurso de encerramento da
experiência em Angicos, disse Freire: “O que importa então na educação é
propiciar a este homem uma via crítica de saber, através de que ele transforme
um saber puramente opinativo e existencial num saber puramente reflexivo, e
isto ele faz rapidamente”.
E eu lhes digo: o professor Freire
tinha um raciocínio que desarmava os que tentavam atacá-lo, tinha currículo, para
muitos causavam inveja mesmo! Sua voz causava furor no país.
Existe uma avaliação que, se o
projeto de Paulo Freire tivesse continuado, a quantidade de analfabetos hoje no
Brasil seria equivalente à de países como a Suíça, onde representa apenas 0,4%
da população. Atualmente, aqui, 5,6% dos brasileiros com 15 anos ou mais (9,6
milhões de pessoas) ainda não sabem ler nem escrever, de acordo com o Censo de
2022. Do total de analfabetos, 55,3% vivem na Região Nordeste.
Seria risível, não fosse trágico,
que Paulo Freire fosse uma ameaça para a nossa democracia. Simplesmente pelo
fato de trazer conhecimentos às pessoas.
É no mínimo estreiteza intelectual
não reconhecer o papel de Paulo Freire na educação no Brasil.
LINCOLN
CARTAXO DE LIRA
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