sábado, 24 de fevereiro de 2024

O mestre Paulo Freire

 

            Para início de conversa, os especialistas debatem o legado de Paulo Freire e a necessidade de a escola abordar sua concepção.

            Nunca é demais lembrar que o método de Paulo Freire enfatizava a importância de trabalhar a alfabetização como um processo político, em que a leitura e a escrita são instrumentos de libertação e empoderamento dos oprimidos.

            Ele tinha a inteligência de apontar as mazelas da sociedade, acelerados pelas desigualdades sociais, mas buscava saídas através da educação.

            Em 1963, foi feito em Angicos (RN) a primeira aplicação em grande escala do método de alfabetização desenvolvido pelo educador Paulo Freire. Em 40 horas, trezentas pessoas foram alfabetizadas.

            Os recursos para esse projeto vieram de um convênio do governo do Rio Grande do Norte com o Ministério da Educação e Cultura, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e a Agência dos Estados Unidos para o desenvolvimento Internacional (Usaid).

            Detalhe: como Freire temia intervenções no seu trabalho, exigiu autonomia pedagógica e política, o que lhe foi garantido.

            Parte do método dele consistia em substituir a aula expositiva pelo diálogo, com o professor provocando os estudantes a contarem o que pensavam sobre assuntos do seu cotidiano. O objetivo era aprofundar a consciência crítica, uma novidade em relação aos processos de alfabetização praticados até aquele momento.

            No discurso de encerramento da experiência em Angicos, disse Freire: “O que importa então na educação é propiciar a este homem uma via crítica de saber, através de que ele transforme um saber puramente opinativo e existencial num saber puramente reflexivo, e isto ele faz rapidamente”.

            E eu lhes digo: o professor Freire tinha um raciocínio que desarmava os que tentavam atacá-lo, tinha currículo, para muitos causavam inveja mesmo! Sua voz causava furor no país.

            Existe uma avaliação que, se o projeto de Paulo Freire tivesse continuado, a quantidade de analfabetos hoje no Brasil seria equivalente à de países como a Suíça, onde representa apenas 0,4% da população. Atualmente, aqui, 5,6% dos brasileiros com 15 anos ou mais (9,6 milhões de pessoas) ainda não sabem ler nem escrever, de acordo com o Censo de 2022. Do total de analfabetos, 55,3% vivem na Região Nordeste.

            Seria risível, não fosse trágico, que Paulo Freire fosse uma ameaça para a nossa democracia. Simplesmente pelo fato de trazer conhecimentos às pessoas.

            É no mínimo estreiteza intelectual não reconhecer o papel de Paulo Freire na educação no Brasil.

 

                                  LINCOLN CARTAXO DE LIRA

 

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