sábado, 24 de fevereiro de 2024

A luta contra o racismo

 

            Infelizmente volto ao tema, tratado por este articulista noutros artigos aqui publicados.

            Em razão da alta dosagem de desigualdade social, o racismo tornou-se um campo fértil para exposição vexatória e degradante, não só no Brasil, como também, pelo mundo afora. É o caso do racismo enfrentado pelo jogador Vinícius Júnior, craque do Real Madri.

            Quem não se lembra do jogo realizado, em meado do ano passado, entre o time Real Madri e Valencia, onde o jogador Vinícius Júnior foi humilhado por um torcedor?

            Só para colocar em contexto, o jogo transcorria normalmente, quando um torcedor o atacou, gritando: Mono (macaco, em espanhol). Em campo, Vinícius Júnior apontou para as arquibancadas, identificando um dos racistas.

            O juiz parou o jogo por alguns instantes, não tomou qualquer providência adicional e retomou a partida. Enquanto os insultos se agigantaram e tomaram o estádio inteiro. Num imbróglio mais que indigesto!

            Mas olha só: no fim da partida, já nos acréscimos, deu-se um entrevero em campo. Um jogador do Valência, talvez querendo gastar tempo, pois seu time continuava com vantagem de 1 a 0, desabou não chão. Vinícius Júnior se dirigiu ao jogador, protestando, o goleiro adversário correu até os dois e outro atacante adversário já chegou aplicando um mata-leão em Vinícius, que reagiu empurrando o agressor pelo rosto.

            Resultado: nada aconteceu com o atacante do mata-leão, o goleiro recebeu cartão amarelo e Vinícius Júnior, que jogara com um estádio gritando um insulto racista, foi expulso do jogo. Que baita constrangimento!

            Na entrevista coletiva depois do jogo, o italiano Carlo Ancelotti, treinador do Real Madri, assim se manifestou: “O que aconteceu hoje não pode acontecer, um estádio inteiro gritando ‘macaco’ para um jogador, e um treinador pensa em tirar o jogador (de campo) por causa disso. Há algo errado nessa Liga (entidade que organiza o Campeonato Espanhol)”.

            O protesto de Vinícius Júnior não foi em vão, ainda em Barcelona, o craque brasileiro recebeu a visita do presidente da FIFA, o suíço-italiano Gianni Infantino, convidando-lhe para liderar um comitê antirracismo da entidade, que lutará por punições rigorosas contra jogadores, clubes ou torcedores que cometam ofensas racistas. Vinícius aceitou.

            O Instituto Vini Jr foi fundado em julho de 2021. Foi idealizado por Vinícius para criar algo diferente das iniciativas de outros jogadores brasileiros que seguiam um padrão: todos giravam em torno de escolinha de futebol, onde crianças talentosas com a bola participavam de projetos educacionais. Mas, sim, desenvolver oficinas de educação antirracistas.

Um levantamento feito pelo citado instituto mostrou que 80% das crianças da rede pública brasileira são negras. E que não podem ficar à mercê desse preconceito arraigado de racismo.

Isso colide o que vai ao âmago de ser humano: a humilhação.

 

                       LINCOLN CARTAXO DE LIRA

           

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