Já disse várias vezes,
neste espaço, que sou um otimista contumaz. Mas nem sempre é fácil ter essa
percepção à dura prova da realidade que ora passa o Brasil.
Lamentavelmente, estou ficando quase convicto de que o
Brasil não é e parece nunca ter sido o país do futuro. Há muito tempo se
promete aos brasileiros que este é o país do futuro e lá, em data incerta, será
glorioso e os jovens serão felizes.
A verdade é que eu não sei, você não sabe, ninguém sabe o
que nos reserva para o futuro do Brasil. Nesse embate reside o risco de os
apressados utilizarem discurso falacioso, sem coesão ou fluidez, sobre uma
realidade que não existe, uma verdade indigesta. Não é complexo de vira-lata, é
panorama da realidade. Pô, e agora?
Ser o país do futuro implica, naturalmente, algo muito
diferente. Distante da crise ambiental, da pobreza, da corrupção, da
desigualdade, da violência, da misoginia, do racismo e de outras mazelas.
Ao fim e ao cabo, o Brasil está doente, literalmente. A
impressão para nós, brasileiros adultos, que já ouviram essa ladainha escolar é
de que o futuro já veio, já chegou, mas... Não aconteceu. Só resta um pote até
aqui de mágoa.
Para quem já queimou os fusíveis, como eu, tenho a
preocupação com os mais jovens, que vão comandar o futuro desta nação,
encontram-se desprovidos de alento ou ânimo; sem forças para agir; sem coragem;
desanimados ou desesperançados.
Lembro-me de ter lido que o IBGE, pesquisa de 2022,
mostra que há pessoa que gostaria de trabalhar, mas desistiu de procurar
emprego por acreditar que não conseguiria. Em todo o Brasil, existe 5,97
milhões de desalentados. Céticos com o futuro, 76% dos jovens dizem querer
deixar o Brasil, indica Datafolha.
Tal índice traduz o sentimento de descrença com o nosso
futuro. Recordando que a condição de desemprego retroalimenta o sentimento de
fracasso, agravando ainda mais a percepção negativa do indivíduo sobre sua
própria realidade.
O cenário é de embasbacar. Nunca, na história
republicana, o país demorou tanto a retomar o crescimento econômico. Os números
de desemprego, do salário médio real e o desperdício de mão de obra recém
qualificada que não encontra ocupação compatível com sua formação escancaram o
desperdício de capital humano e provoca a ausência de estímulo.
Dados do Banco Central sobre a balança comercial mostram
que a participação de bens industriais nas exportações brasileiras diminui
desde 1994, enquanto as vendas ao exterior de bens primários crescem sem parar.
Com isso, perdemos competitividade exatamente no setor com as cadeias
produtivas mais longas, gerador de maior valor agregado, mais capaz de criar
empregos qualificados e indutor de inovações e produtividade em toda a
estrutura econômica.
Por sorte, moldei a minha mente e meu coração para
encarar essa triste realidade.
LINCOLN
CARTAXO DE LIRA
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