Outro dia eu vi uma postagem sobre o
desfile de “7 de Setembro”, uma data cívica e comemorativa que relembra a
declaração de independência do Brasil, realizada neste mesmo dia em 1822.
Na minha época de colegial, não só
em Cajazeiras como aqui (em João Pessoa), dificilmente o estudante escapava de
participar dos desfiles de “7 de Setembro”, era uma imposição, sim.
Eu me recordo de ter sido obrigado a
sair do desfile, simplesmente porque as minhas meias (de cor preta) por estarem
um pouco desbotadas. Isso por ordem do senhor Padre Vicente (conhecido assim,
sem sobrenome), então diretor geral do Colégio Monsenhor Constantino de Vieira,
no final da década de 1960, lá na minha terra natal, Cajazeiras.
O citado reverendo fazia tremer
todos à sua volta. Era sisudo, totalmente careca, abria a boca sem mostrar os
dentes. Com sua batina preta surrada, quase arrastando pelo chão. Era
absolutamente brabo e intransigente no quesito de disciplina. Ora, longe de mim
querer lhe desobedecer.
Ainda tenho fresco na memória que
ele levava muito a sério o tal desfile, como se fosse um desfile militar:
cabelos cortados e penteados, farda sempre bem lavada e engomada, sapatos
reluzentes e por aí vai.
De fato, já não se vê o desfile de
“7 de Setembro” como antigamente. Na minha época de estudante, a gente sentia
orgulho de participar desse desfile. As crianças, de um modo geral, saíam às
ruas com pequenas bandeiras brasileiras de papel para assistir ao nosso
desfile, como também dos militares, saldados marchando como se estivessem indo
para uma guerra.
O coração ainda era pequeno para
compreender tudo aquilo, mas que, no nosso inconsciente, nos preenchia de
orgulho por existir e morar no Brasil.
Atualmente, não há mais neste país
esse cenário que parece estar definitivamente apagado. Porém ainda vive na
memória de muitos, a exemplo daqueles que participaram de minha geração.
Sem meias palavras, o que se
presencia nos dias de hoje é um desfile de ódios, de pronunciamentos
inconsequentes, de disputas e de um cinismo que cobre tudo. Sempre com descaso
e deboche. Sempre com discursos irresponsáveis e ameaçadores. Um acinte, um
tapa na cara da sociedade. Mais do que se indignar, é preciso mudar conceitos.
Perdoe-me, gente. No presente, a
coisa anda esculhambada e esdrúxula, parece mais um desfile de Escola de Samba.
O que é pior: de mau gosto!
LINCOLN
CARTAXO DE LIRA
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