sábado, 24 de fevereiro de 2024

Despedida das emissoras AM

 

            O processo de migração dessas emissoras para frequência modulada começou há 10 anos, com um decreto que definiu as regras para a “extinção do serviço de radiofusão sonora em ondas médias de caráter local” – ou seja, das transmissões em AM – até 31 de dezembro de 2023.

            É interessante saber que no Brasil, as primeiras transmissões AM surgiram com a emissora de Roquette – Pinto, que em 1923 fundou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.

            As rádios que operam em AM alcançam uma área maior, porém estão bem mais sujeitas a interferências e ruídos. Por outro lado, rádios FM cobrem uma área menor, mas contam com aumento significativo na qualidade. Além disso, alguns aparelhos mais novos, como celulares e tablets, não sintonizam AM.

            Outrossim, ao longo dos anos, o rádio resistiu e se adaptou à chegada dos novos aparelhos tecnológicos. E assim vai, e vai longe.

            Confesso que sou um apaixonado pelo rádio, e que sempre me acompanhou e instigou. É um deleite muito pessoal. É minha praia.

            Ainda carrego na memória, quando garoto, residindo em Cajazeiras, eu já tinha essa predileção (pelo rádio). Ficava horas e horas extasiado em escutar as músicas da Jovem Guarda, as belas crônicas ao meio dia do meu professor Antônio de Sousa, até a missa dominical no sítio Zé Dias pertencente aos meus avós.

            O rádio sempre teve aquela magia de interação que até hoje nenhuma outra forma de comunicação conseguiu bater, nem as mídias sociais conseguem esse feito.

            Isto é: você faz uma pergunta e já vem um monte de resposta, o cara pede uma música e logo em seguida é tocada na mesma hora.

            A informação é instantânea, o rádio está sempre ligado o que ocorre por este mundo afora, mandando recado o tempo inteiro, verdadeiro bate-papo – num diálogo rápido e informal.

            Sim. O rádio é seu companheiro, é seu amigo. Quando você tem um rádio ligado, você não se sente sozinho. Por isso, continuo fiel ao antigo hábito de ouvir rádio.

            Nota-se que o maior desafio para quem trabalha no rádio é a velocidade de sua locução, às vezes não tem tempo nem de sentar e ver o que dá para ser feito. Tudo é muito repentino. E a locução tem que ser feita com qualidade, bem ou mal, a credibilidade está em jogo.

            Tem uma máxima que traduz bem essa profissão: “Fazer rádio é um eterno vício para quem verdadeiramente nasceu radialista”.

            Olhando para a frente, acredito que o rádio, agora só FM, será eterno com o tempo.

 

                                    LINCOLN CARTAXO DE LIRA

Nenhum comentário:

Postar um comentário