É
verdade. Cuba ainda resiste ao capitalismo, mesmo que essa resistência seja às
custas dos coitados dos cubanos que vivem à beira da miséria ideologicamente
justificada para riquinhos entediados com o mundo do capital.
Seus cidadãos relatam perda do poder
de consumo e buscam oportunidade econômica e liberdade de expressão. Ninguém
sai ileso dessa bagunça.
O acesso à internet na ilha, ainda
que tardio, acelerou o desejo de mudança das pessoas. Mas o que era uma vontade
tem se transformado na última saída para fugir da crise. A mentalidade que os
cubanos tinham antes não é a mesma agora.
Li que os cubanos foram a segunda
principal nacionalidade a solicitar refúgio para o Brasil, atrás apenas dos
venezuelanos. Primeiro por ser um destino mais barato que os EUA, onde
restrição na fronteira dificultam o ingresso. Segundo porque é comum que cubanos
tenham familiares ou amigos que ficaram no Brasil após desertarem do Programa
Mais Médicos.
Sem tirar nem pôr, tá ruça a
situação em Cuba, onde o carregador de malas ganha mais que um médico. Como diz
uma cubana, graduada em economia, professora universitária: “É uma situação que
te asfixia. O governo implementou medidas que colocam o povo na miséria”.
Quem sabe, né? Isso só é possível em
um governo com alto nível de insanidade, burrice e incompetência.
Pelo visto, nada mudou de quando eu
lá estiva em 2015, visitando a cidade de Havana. Aliás, a situação piorou!
Muita gente está pirando.
Na prática e no grosso, o maior
problema de Cuba é ainda a falta da oferta de empregos. “Que adianta um alto
grau de instrução e não termos uma remuneração decorrente desse conhecimento”,
assim me foi relatado por um contabilista cubano.
Um absurdo sem tamanho. Uma pobreza generalizada. Avanço
na saúde é uma lenda. Embora exista uma rede básica de saúde adequada, herança
soviética. No mais, tudo sucateado, aparelhos velhos amarrados com arame.
Tudo lá funciona na base do
improviso – a famosa gambiarra. No ranking de Liberdade Econômica, de 178
países, Cuba está em 176, à frente apenas da Coreia do Norte e Venezuela.
Não
é só constrangedor, é vergonhoso e humilhante. Após anos de silêncio, os
cubanos saíram às ruas para protestar contra o regime comunista. Poucas vezes
ocorreram reações desse porte desde que a ditadura foi implantada, em 1959.
Há, sem dúvidas, boas razões para
tal. Não fosse o tirânico punho de aço da ditadura cubana, praticamente toda a
população daquela degradação já teria fugido para algum país onde pudesse ser
livre.
Como se sabe, não há democracia em
Cuba. Quem conhece o país sabe e vê o empobrecimento e a insatisfação da
população, que sofre com o autoritarismo governamental. Sou testemunha ocular
dessa triste realidade.
Como diz lá na minha terra natal,
Cajazeiras, esse regime não vale nem meio pequi roído. Alguém precisa sacudir o
cinismo desse regime. As ditaduras acham possível calar as pessoas
desligando-as do mundo – mas não, as coisas mudaram.
Escarafunchando os registros de
minha viagem a Cuba, apurei que o seu Partido Comunista tem 700 mil filiados,
numa população de 11 milhões. Os “revolucionários” não são atraídos por
elevados ideais socialistas, mas por benesses materiais que se estendem de
empregos no setor público à garantia de vagas nas universidades.
Sublinhando tudo, não há futuro para
um regime que caducou e vai cair podre.
O povo de Cuba clama a Deus.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
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