domingo, 10 de setembro de 2023

A revolta dos cubanos

 

                      

        É verdade. Cuba ainda resiste ao capitalismo, mesmo que essa resistência seja às custas dos coitados dos cubanos que vivem à beira da miséria ideologicamente justificada para riquinhos entediados com o mundo do capital.

            Seus cidadãos relatam perda do poder de consumo e buscam oportunidade econômica e liberdade de expressão. Ninguém sai ileso dessa bagunça.

            O acesso à internet na ilha, ainda que tardio, acelerou o desejo de mudança das pessoas. Mas o que era uma vontade tem se transformado na última saída para fugir da crise. A mentalidade que os cubanos tinham antes não é a mesma agora.

            Li que os cubanos foram a segunda principal nacionalidade a solicitar refúgio para o Brasil, atrás apenas dos venezuelanos. Primeiro por ser um destino mais barato que os EUA, onde restrição na fronteira dificultam o ingresso. Segundo porque é comum que cubanos tenham familiares ou amigos que ficaram no Brasil após desertarem do Programa Mais Médicos.

            Sem tirar nem pôr, tá ruça a situação em Cuba, onde o carregador de malas ganha mais que um médico. Como diz uma cubana, graduada em economia, professora universitária: “É uma situação que te asfixia. O governo implementou medidas que colocam o povo na miséria”.

            Quem sabe, né? Isso só é possível em um governo com alto nível de insanidade, burrice e incompetência.

            Pelo visto, nada mudou de quando eu lá estiva em 2015, visitando a cidade de Havana. Aliás, a situação piorou! Muita gente está pirando.

            Na prática e no grosso, o maior problema de Cuba é ainda a falta da oferta de empregos. “Que adianta um alto grau de instrução e não termos uma remuneração decorrente desse conhecimento”, assim me foi relatado por um contabilista cubano.

            Um absurdo sem tamanho. Uma pobreza generalizada. Avanço na saúde é uma lenda. Embora exista uma rede básica de saúde adequada, herança soviética. No mais, tudo sucateado, aparelhos velhos amarrados com arame.

            Tudo lá funciona na base do improviso – a famosa gambiarra. No ranking de Liberdade Econômica, de 178 países, Cuba está em 176, à frente apenas da Coreia do Norte e Venezuela.

Não é só constrangedor, é vergonhoso e humilhante. Após anos de silêncio, os cubanos saíram às ruas para protestar contra o regime comunista. Poucas vezes ocorreram reações desse porte desde que a ditadura foi implantada, em 1959.

            Há, sem dúvidas, boas razões para tal. Não fosse o tirânico punho de aço da ditadura cubana, praticamente toda a população daquela degradação já teria fugido para algum país onde pudesse ser livre.

            Como se sabe, não há democracia em Cuba. Quem conhece o país sabe e vê o empobrecimento e a insatisfação da população, que sofre com o autoritarismo governamental. Sou testemunha ocular dessa triste realidade.

            Como diz lá na minha terra natal, Cajazeiras, esse regime não vale nem meio pequi roído. Alguém precisa sacudir o cinismo desse regime. As ditaduras acham possível calar as pessoas desligando-as do mundo – mas não, as coisas mudaram.

            Escarafunchando os registros de minha viagem a Cuba, apurei que o seu Partido Comunista tem 700 mil filiados, numa população de 11 milhões. Os “revolucionários” não são atraídos por elevados ideais socialistas, mas por benesses materiais que se estendem de empregos no setor público à garantia de vagas nas universidades.

            Sublinhando tudo, não há futuro para um regime que caducou e vai cair podre.

            O povo de Cuba clama a Deus.

 

                                                       LINCOLN CARTAXO DE LIRA

 

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