domingo, 10 de setembro de 2023

Homenagem ao Patrono do Brega

 

          

        Recentemente, Recife ganhou uma estátua em homenagem a Reginaldo Rossi, cantor e compositor que morreu aos 69 anos, vítima de um câncer de pulmão.

            A citada obra está localizada no Pátio de Santa Cruz, no bairro de Boa Vista da capital pernambucana.

            A escultura mostra o Rei do Brega sentado numa mesa de bar, à espera de quem chegar. Sobre a mesa, há o microfone, uma rosa, a bandeja com copos, a cerveja e um pedaço de papel, como se ele estivesse escrevendo a letra da música “Garçom”. Pela qual o imortalizou!

            De fato, achei o maior barato a ideia, pois tem tudo a ver com esse grande artista que representou tanto para o mundo da música, com a sua alegria, sagacidade, humor e inteligência. Tudo vitaminado ao extremo.

            O cara era só sucesso. Vida resolvida, nada a discutir. Esbanjava simpatia, conversava com todo mundo. Ele foi um tipo extraordinário de livre-pensador.

            Gostava de se exibir, era debochado, mas sabia mostrar serviço. Gostava de debater ideias e jogar um pouco de conversa fora, entre goles de uísque e baforadas de cigarro. Ele costumava ainda desfiar um rosário de causos e fazia a plateia gargalhar.

            Como revelou o fã: “Ele é um rei para mim, e agora poderei matar a saudade dele aqui, numa mesa de bar” – referindo-se à estátua.

            Com olhar penetrante e sorridente, Rossi contou uma história engraçada (mais ou menos transcrita e romantizada aqui por este modesto cronista), vivenciada ao longo de seus 50 anos de carreira musical. Certa feita, segundo este artista, estava fazendo um show num comício de Jaboatão de Guararapes (PE) para mais de 40 mil pessoas, e quando terminou o referido show, ele pegou uma Kombi para ir embora, só que os fãs o seguiram correndo, sem se deterem, no movimento total de delírio. Foi aquele frenesi!

            E não somente eu, mas você que está me lendo agora, tem ideia o vexame que deve ter ocorrido.

Envaidecido e orgulhoso, Rossi pediu ao motorista que fosse mais devagar para ter oportunidade de cumprimentar a sua legião de fãs bregueiros que ora o perseguia, freneticamente.

            Quando a Kombi percorreu uma certa distância do local, o carro já estava com uma velocidade em torno de 20 km por hora. Aí, Rossi, notou um sujeito correndo em sua direção, esbaforido feito um louco, cabelos desgrenhados e o suor escorrendo no rosto, querendo lhe falar alguma coisa - pelo jeito era o que demonstrava.

            Então, ato contínuo, sensibilizado, determinou que o motorista parasse o carro para atender ao apelo desse fã, merecedor sim pelo seu esforço descomunal.

            Rossi baixou o vidro do carro, e o fã já cansado, porém feliz da vida com aquela oportunidade de falar com o seu ídolo, assim se manifestou: “Rossi, eu também sou veado!”.

            Ele, com a sua risadagem e gozação de sempre, arrematou: “Isso faz parte do show!”.

 

 

                                                     LINCOLN CARTAXO DE LIRA

           

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