Recentemente,
Recife ganhou uma estátua em homenagem a Reginaldo Rossi, cantor e compositor
que morreu aos 69 anos, vítima de um câncer de pulmão.
A citada obra está localizada no
Pátio de Santa Cruz, no bairro de Boa Vista da capital pernambucana.
A escultura mostra o Rei do Brega
sentado numa mesa de bar, à espera de quem chegar. Sobre a mesa, há o
microfone, uma rosa, a bandeja com copos, a cerveja e um pedaço de papel, como
se ele estivesse escrevendo a letra da música “Garçom”. Pela qual o imortalizou!
De fato, achei o maior barato a
ideia, pois tem tudo a ver com esse grande artista que representou tanto para o
mundo da música, com a sua alegria, sagacidade, humor e inteligência. Tudo
vitaminado ao extremo.
O cara era só sucesso. Vida
resolvida, nada a discutir. Esbanjava simpatia, conversava com todo mundo. Ele
foi um tipo extraordinário de livre-pensador.
Gostava de se exibir, era debochado,
mas sabia mostrar serviço. Gostava de debater ideias e jogar um pouco de
conversa fora, entre goles de uísque e baforadas de cigarro. Ele costumava
ainda desfiar um rosário de causos e fazia a plateia gargalhar.
Como revelou o fã: “Ele é um rei
para mim, e agora poderei matar a saudade dele aqui, numa mesa de bar” –
referindo-se à estátua.
Com olhar penetrante e sorridente,
Rossi contou uma história engraçada (mais ou menos transcrita e romantizada aqui
por este modesto cronista), vivenciada ao longo de seus 50 anos de carreira
musical. Certa feita, segundo este artista, estava fazendo um show num comício
de Jaboatão de Guararapes (PE) para mais de 40 mil pessoas, e quando terminou o
referido show, ele pegou uma Kombi para ir embora, só que os fãs o seguiram
correndo, sem se deterem, no movimento total de delírio. Foi aquele frenesi!
E não somente eu, mas você que está
me lendo agora, tem ideia o vexame que deve ter ocorrido.
Envaidecido e orgulhoso, Rossi pediu ao
motorista que fosse mais devagar para ter oportunidade de cumprimentar a sua
legião de fãs bregueiros que ora o perseguia, freneticamente.
Quando a Kombi percorreu uma certa
distância do local, o carro já estava com uma velocidade em torno de 20 km por
hora. Aí, Rossi, notou um sujeito correndo em sua direção, esbaforido feito um
louco, cabelos desgrenhados e o suor escorrendo no rosto, querendo lhe falar
alguma coisa - pelo jeito era o que demonstrava.
Então, ato contínuo, sensibilizado,
determinou que o motorista parasse o carro para atender ao apelo desse fã,
merecedor sim pelo seu esforço descomunal.
Rossi baixou o vidro do carro, e o
fã já cansado, porém feliz da vida com aquela oportunidade de falar com o seu
ídolo, assim se manifestou: “Rossi, eu também sou veado!”.
Ele, com a sua risadagem e gozação
de sempre, arrematou: “Isso faz parte do show!”.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
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