sábado, 20 de maio de 2023

Programas assistencialistas

 

            Roberto Campos, escritor e ensaísta, escreveu, durante anos, artigos sobre economia. Destacando-se como grande polemista, através de sua língua ferina.

            Considero-o como intelectual do pensamento econômico. Deixando-nos vários livros publicados sobre política econômica. Sendo ainda ocupante da Academia Brasileira de letras, em 1999.

            Dizia sempre que o mercado é a grande solução para a pobreza, Em vez do governo procura adotar medidas assistencialistas, deveria sim focar no mercado.

            Discordo de quem acha a opinião de Roberto “imoral” e o condena à fogueira da inquisição.

            Aprendi, desde muito cedo, ainda nos bancos da universidade, que o funcionamento do mercado tem como objetivo a maximização da livre iniciativa econômica e o atendimento das necessidades da população, sobretudo na geração de emprego e renda.

            Explico-me: o Programa Bolsa Família, apesar de beneficiar famílias em condições sub-humanas, tem como desvantagens o fato de que, ao longo do tempo, criar uma dependência da população carente aos repasses governamentais, não procurando preparar adequadamente os beneficiários ao mercado de trabalho.

            Há críticas, com razão, em relação a eficiência da gestão desse benefício e a sua estigmatização, devido à falta de treinamento e de capacidade administrativa do governo e dos seus funcionários.

            Gilberto Dimenstein, em seu livro “O Cidadão de Papel”, diz que o cidadão brasileiro desfruta de uma cidadania aparente que ele denomina de cidadão de papel. A verdadeira democracia implica na conquista e na efetividade dos direitos sociais, políticos e civis. Se assim não se constituir, a cidadania permanece imóvel no papel.

            Não podemos ser míopes nem tapar o sol com a peneira em não reconhecer a necessidade de implementação de ações concretas de gestão de trabalho e renda, em vez de só projetos assistencialistas. Pode? Claro que sim e a gente sabe o porquê.

            É plausível acreditar e reafirmar a necessidade de viver do trabalho, exercendo através dele, o exercício da cidadania, interferindo na sociedade de maneira produtiva.

            Entendo ainda que o grande risco dos programas assistencialistas do governo é não promover a inserção do indivíduo na sociedade, criando cada vez mais a subserviência. Prometendo mundos e fundos. Confesso: fico ruborizado só em falar nisso.

            Ou seja: quando a pessoa não cresce, não se promove, ela vai ficando mais pobre.

 

                                           LINCOLN CARTAXO DE LIRA

           

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