Ora, vejam só. Depois de tantos anos sem vê esse cantor, compositor e pianista , não é que, neste último domingo, eu sou agraciado com a sua presença no Programa RAUL GIL – Homenagem ao Artista.
Lembro-me bem, e parece ter sido ontem, nos anos 70 e 80, consagrou-se como um dos maiores nomes de um estilo conhecido “samba jóia” ou “samba canção”.
Com interpretação chorosa ou exaltada e trajando fraque, dava início assim, a época, o modelito “brega chique”. Com aparência sempre marcante (bigodão, barbicha e costeletas).
Destituído da aura e do brilho de suas atuações do passado, agora, com sorriso meio torta e dissimulado, cerrava os dentes. Engolia as lágrimas que lhe ameaçava, à medida que era historiado àsua obra.
Pouco a pouco, com as homenagens que iam lhe prestando, através dos Pequenos Talentos (cantores mirins), de seus colegas de profissão e de alguns familiares, ele foi dando conta do que havia à sua volta.
Era de apercebermos, nitidamente, o sinal de fraqueza desse grande artista.
Aquela pessoa que se movia no palco, com desenvoltura e talento, com sorriso fácil e afável, agora era só tristeza em seu olhar.
Simples como somente os sábios consegue ser, poeta romântico como o é, conhecedor da alma humana, sabedor de suas fraquezas, que ora tanto lhe afligem, mas também da grandeza que no momento tanto busca.
O seu corpo de compleição franzina e de baixa estatura, sem mais aquela sua irreverência e malandragem carioca, pensativo, com ar de densa alegria e saudade ao mesmo tempo, no final, deu um breve show de musicalidade, afogando todos num tsunami de emoções.
Aclamado entusiasticamente, agradeceu versejando-nos: “Você é culpado do meu samba entristecer, ah eu vou-me embora”.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
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