sábado, 1 de janeiro de 2011

Amor de mãe

            Enquanto batuco o teclado na elaboração desse artigo, ouço na TV os repórteres comentando de forma exaustiva e quase abutre no julgar e condenar o casal (Alexandre e Anna Carolina) pelo assassinato bárbaro da garotinha Isabella.
            No entanto, não quero tirar a responsabilidade da mídia, da polícia e do Ministério Público na condução do caso. Mas nada de prejulgamentos. No Brasil, o princípio da presunção de inocência é preceito constitucional: ninguém será considerado culpado até que transite em julgado a sentença que o tenha condenado.
            Longe desses imbróglios jurídicos, está a dor da mãe – Ana Carolina Oliveira. Saber que sua Isabella já não está mais aqui para lhe ajudar a viver, a continuar a dar-lhe lições de sabedoria infantil, a afugentar essa tristeza sem remédio, essa mágoa que sufoca.
            Transpirando verdade, sentimentos à flor da pele, poucas vezes se viu uma jovem-mãe de 24 anos demonstrar publicamente tamanha naturalidade, propriedade e comedimento depois de passar pelo que ela passou.
            Sempre atenciosa, disse que estava cansada do assédio e com dificuldade de “seguir a vida”.  “Estou tentando ser forte, mas ver a minha filha a cada reportagem, ver toda essa situação não está sendo fácil”.
            E, é claro, esse estado de coisa combina bem com a teatralidade da mídia na busca exacerbada de valores atuais (para explicação do crime) que permanecem cada vez mais vivos: problemas de injustiças e desigualdades sociais.
            O filho é a identidade da família, é o que dá continuidade a uma linha de sangue, de nome. Pior, ainda pior, perdê-lo prematuro (da maneira como foi) onde as conseqüências são desastrosas para toda uma família.
            Mas, mesmo diante da ausência (morte) de um filho, o amor de mãe é muito mais forte: a curar a doença, a sarar a alma, a voltar vestir a vida de arco-íris nas turbulentas noites eternas, de assombrosos pesadelos.
             A melhor decisão que alguém deve tomar em meio às circunstâncias traumáticas, é a de continuar vivendo. A vida somente acaba para os fracos e os pessimistas. Jamais para as mães!!
            “As pessoas querem que eu faça escândalo. Não vai acontecer. Nada vai trazer minha filha de volta e eu quero seguir”, disse Ana Carolina. Demonstrando, assim, para todos que ela não deixou de ser mãe-mulher. Coisa alguma vai lhe compelir a crescer, abrindo portas, independente de obstáculos. Uma vez que não há problemas que não resolva, não há mal que a assombre, não há noite sem luz, não há medo sem acolhimento.
            Mesmo triste, chateada, deprimida, ela pôs sua mão sobre a imagem da filha estampada na camiseta, esboçou-lhe um beijo imaginário e recordava o amor que tanto os uniam.
            Ela!  A Ana Carolina, com seus olhos vivos e brilhantes, hoje, é a imagem-símbolo de todas as mães do Brasil.


                                                  LINCOLN CARTAXO DE LIRA        

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