Como brasileiro, cada vez mais,
sinto-me envergonhado ao ver tanta gente enrolado nesse paraíso de falcatruas.
Como também, envergonhado com o sucateamento de nossa educação.
Perdoe-me a sinceridade, o programa
educacional do País é uma espécie de gambiarra. Nos últimos anos, o nosso povo
foi nutrido pela esperança de uma “Pátria Educadora”. O referido slogan está
bem longe da realidade. O Brasil avançou muito na quantidade de alunos nas
escolas, mas a qualidade da educação caiu a tal ponto que é normal um
analfabeto funcional ser diplomado em alguma escola pública. Ou seja: o
estudante sabe ler, mas não entende o que está lendo. Houve a democratização da
educação, mas sem o seu viés transformador.
Tive oportunidade de assistir a uma
matéria pela Globo News que mostrava várias escolas do Estado do Maranhão e
Alagoas sem água potável, sem banheiro, com piso esburacado, com salas de aula
separadas por uma lona de plástico. Algumas até sem energia, levando os alunos
do turno da noite a estudar com suas próprias lanterninhas.
Um retrato real do abandono do
ensino público no Brasil. Merece não apenas repúdio, mas um movimento de asco.
Quanto descaso, quanta indiferença, quanto desrespeito. A educação tem de ser à
base de uma nação democrática, pois o povo educado é povo informado e sabe o
que quer.
Esse é meu olhar. E não venham
culpar a crise econômica para termos educação de má qualidade. Crise não é
desculpa porque o dinheiro da educação é mal gasto por causa de má gestão e de
corrupção. Daí a sensação de vivermos num país de fachada.
O senador Cristovão Buarque, homem
de extraordinária cultura, sério, e com português como deveria ser falado por
todos (congressistas), confirma que foi petista, mas o partido deixou de ser
progressista e abandonou a ideologia. Disse mais: no antigo PT só restaram os
que se locupletam, os fanáticos e os órfãos. Como se sabe, ele foi o criador da
Bolsa Escola, porém, LULA errou ao tirar o instrumento para fomentar a educação,
do ministério da educação, e passando-o para o ministério da assistência
social. Hoje, acabar com Bolsa Família, seria uma catástrofe, mas, se continuar
existindo daqui a 20 anos, também será uma catástrofe.
Já na possibilidade de um governo de
transição, essa poderia ser a oportunidade preciosa para uma nova agenda na
política educacional, com base na eficiência e na qualidade. Sem jamais
esquecer: a boa educação é uma moeda de ouro, tem valor em toda parte.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
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