terça-feira, 30 de junho de 2020

Lilia das mangueiras


            Recentemente recebi um texto onde falava de “Maria boa, a dama da noite”, que fez história com o seu famoso bordel na cidade de Natal. Até hoje, a paraibana Maria de Oliveira Barros, é lembrada pelo seu reputado estabelecimento chamado “Cabaré de Maria Boa”. Dizem, de forma bem-humorada: “Havia mais reunião de deputados em ‘Maria Boa’ do que na Assembleia”.
            Outra paraibana, Maria de Jesus Gonçalves, aposentada, conhecida como a “Lilia das mangueiras”, ainda morando em Cajazeiras, 84 anos, também teve o seu cabaré na periferia desta cidade, destinos daqueles que estavam iniciando a vida sexual ou daqueles que eram boêmios que adentravam pela noite – ótimo para desopilar o fígado e a cabeça.
            De origem pobre, começou a sua vida na prostituição quando tinha 18 anos. Descobriu logo cedo as qualidades para o negócio. Dom de fantasias eróticas para nenhum guru de marketing botar defeito. “Ninguém nunca se esquecia de pagar, porque sempre queria voltar” (sic), orgulha-se a legendária profissional do sexo.
            No seu afamado prostíbulo, afinal, nada poderia sair errado, não deveria ter espaço para grosseria, escândalo, exageros de nenhuma natureza e nem mesmo qualquer indiscrição. A reputação de sua casa estava em jogo. Lilia confessa que tinha clientes de toda região: “Muitos me procuravam para conversar, desabafar, receber meus conselhos” (sic). Chegou até receber cantores consagrados, a exemplo de Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves, Altemar Dutra, entre outros.
            Sua história foi objeto de matérias no jornal O Estado de São Paulo e no Fantástico. Propôs-lhe pela Câmara Municipal o título de “cidadania cajazeirense”, mas, lamentavelmente, não foi aprovado em razão da pressão das famílias tradicionais (mais por rancor, preconceito e vingança) e segmentos da igreja. Mesmo tendo 60% da aprovação da população. Eu, hein! Que atitude mais feia. Pura maldade, claro.
            Vamos falar sem rodeios, para esse tipo de atividade tinha (ou tem) alguns paradigmas: são más profissionais àquelas que acabam enrabichando pelo cliente. Boas são as mulheres frígidas sexualmente, porque essas fingem, são técnicas, não emotivas e, por isso, muito mais competentes. Lilia é daquela que defende a máxima de que a vulva (para não pronunciar outra expressão) bem administrada é o melhor negócio do mundo.
            Lilia, arquiteta da sedução, não se arrepende do seu passado, principalmente, agora, que se eternizou como a “Mulher que ensinou Cajazeiras a amar”.

                                     LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                     lincoln.consultoria@hotmail.com
                                     Advogado e mestre em Administração
                                    

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