terça-feira, 9 de abril de 2019

Prisão injusta


            Diz aquela expressão que há céu de brigadeiro. Só que para a imprensa o momento o céu está cheio de nuvens negra. Ou seja: há um céu de jornalista.
            Pois, nesse cenário, volta e meia deparamos com as operações policiais no cumprimento dos mandados de prisão. Algumas até questionáveis em face da banalização do instituto da prisão e um abuso do sistema de justiça, já que não se estabelecem indícios concretos de que o acusado está ocultando ou destruindo provas.
            Antes que alguns “idiotas da internet” tirem conclusões apressadas, deixo claro que não gosto nem sou defensor de bandidos, que também quero ver preso, porém pelo processo da via legal. Ora, se não for dado um basta nesse tipo de prisão (temporária, provisória e preventiva) ao arrepio da lei e da Constituição, onde vamos parar?
            Não tenho procuração para defender o ex-presidente Temer, mas a sua prisão preventiva não apresentou prova substancial que justificasse tal medida. Não se viu no mister do magistrado que ele oferecesse risco à ordem pública, à ordem econômica ou, ainda, se estivesse atrapalhando às investigações. Às favas quaisquer escrúpulos de consciência contrária a isso. Trata-se de uma violência jurídica, claro.
            Não adianta abusar de advérbio como “possivelmente” e “provavelmente” no escopo do mandado de prisão, tem que ter prova substancial de algum dos pré-requisitos a serem preenchidos. Não por acaso que o desembargador que apreciou o habeas corpus de Temer foi curto e grosso ao qualificar a referida detenção como “atropelo das garantias constitucionais”.
            Cá para nós, sempre tive um pouco de preguiça mental para entender a banalização desses mandados de prisão. Seguramente, me parece que as nossas autoridades não têm conhecimento da real situação dos aprisionados nas verdadeiras escolas do crime em que transformaram as prisões brasileiras.
            Já disse antes e repito: à Justiça não basta ser honesta, ela precisa parecer honesta.

                                      
                                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                             lincoln.cartaxo@hotmail.com
                                             Advogado e mestre em Administração
                                      

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