terça-feira, 1 de maio de 2018

Juros ainda escorchantes


            As taxas de juro continuam pela hora da morte, infelizmente. Cada vez mais cansativa a desculpa dos bancos de que os juros de algumas operações, como a do cheque especial, não caem por causa da inadimplência.
            Isso tudo é conversa fiada. Basta de hipocrisia. Quer ver uma coisa? Os juros caem há 16 meses, mas a taxa do cheque especial (324% ano) não sai do lugar, como também, as taxas de Cartão de Crédito (334,5% ao ano), outra imoralidade. A pressão sobre os bancos está crescendo. O bom que eles já estão sentindo. A mudança é apenas questão de tempo.
            A causa básica dessa situação escabrosa deve-se a concentração bancária. O fato de apenas cinco bancos terem mais de 80% dos ativos financeiros no País. Por isso, as queixas se acirram num quadro em que o Brasil se recupera com vagar recessão econômica e o total de empréstimos ainda está em queda. Inconcebível que desde setembro de 2016, a taxa Selic do Banco Central, já caiu de 14,25 para os atuais 6,5%, mas, mesmo assim, não se viu nada de alteração das taxas de juro aplicadas pelos bancos.
            Tá na cara: que a concentração de bancos leva à redução na concorrência. Os bancos fazem propaganda do crédito hipotecário, do crédito para automóvel, e fica parecendo que há concorrência. Ledo engano. Na concorrência verdadeira ocorre uma pressão grande sobre os preços, e, para conquistar clientes, é necessário baixar o preço. No caso dos bancos, baixar as taxas de juro.
            Falemos francamente: é preciso dizer aos órgãos de regulação e defesa da concorrência para agir com mais rigor contra a concentração bancária. Deputados e senadores, que costumam entoar discursos inflamados contra as taxas escorchantes, também têm de assumir suas responsabilidades. Falar nisso, foi instalada recentemente no Senado uma CPI para investigar juros extorsivos cobrados por instituições financeiras. Será que pega?
            Pra encurtar o papo, o Brasil ainda vive um momento de “desotimismo” econômico, e as nossas instituições financeiras têm sua cota para isso.


                                                          LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                          lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                                  Advogado e mestre em Administração


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