O
debate escuso (contrário) à reforma da Previdenciária tem cheiro de filme
queimado. Não sem razão. Regimes de aposentaria concebidos no século 20 não dão
mais conta da nova realidade demográfica. A alta das expectativas de vida e o
declínio das taxas de fertilidade, ambos dramáticos, implicam uma escalada das
despesas que, cedo ou tarde, será insustentável.
Nossa Previdência tem um déficit
hoje de 180 bilhões. Sem a reforma, serão mais R$ 45 bilhões no ano que vem e
outro R$ 50 bilhões no ano seguinte. Quando chegar 2020, poderá haver cortes de
remunerações. Somos um país jovem e desigual que gasta com previdência 13% do PIB,
mais do que o Japão, que têm três vezes mais idosos.
Sejamos honestos: alguns políticos
tratam como batalha aquilo que deveriam tratar como solução. Para eles, apoiar
tal reforma agora é perder votos e comprometer a reeleição! Pode haver intenção
mais canalha do que essa ao preparar-se claramente para mentir, ou omitir, sem
escrúpulo algum? Retrato daquilo que Ruy Barbosa classificava de “política com
pê minúsculo”. Daí a frustração da sociedade.
Não podemos desdenhar o diagnóstico
certeiro feito pelos especialistas no assunto ao dizer, com a reforma da
Previdência perde a elite bem remunerada dos servidores públicos com a redução
de privilégios concedidos a grupos que estão entre os 5% ou mesmo entre o 1%
mais rico da população.
Logo, o único jeito de atacar a
dívida pública para valer é corrigir as distorções da Previdência Social. Não
há escapatória: o Brasil precisa enfrentar o problema; quanto mais cedo e mais
transparente, melhor para as contas públicas e para a nossa democracia. Chega
de mais desilusão, desencanto e revolta. Vamos encarar os fatos agora!
Muitas lutas nos esperam pela
frente. E a reforma da Previdência é a nossa grande prioridade.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
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