terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Mais um baque na corrupção

            O título desse artigo poderia ser “Um símbolo que caí”, por que não “O fim de uma era” ou então “Queda do professor da corrupção”, e tantos outros. Não poderia ser diferente para quem já tem o seu nome (Paulo Maluf) como verbete obrigatório em qualquer compêndio sobre política brasileira. Como o verbo “malufar” que significa fraudar, roubar os cofres públicos.
            Não tenho prazer sádico de ver ninguém preso, mais ainda que tenha 86 anos. Mas que a prisão de Paulo Maluf foi correta, ninguém pode censurar. Foi condenado a 7 anos, 9 meses e 10 dias de prisão em regime fechado por crimes de lavagem de dinheiro. De acordo com a denúncia, o deputado ocultou dinheiro desviado de obras públicas. Em março deste ano, gabou-se de não constar do rol de investigados na Lava Jato e no mensalão. Enfim, um desenlace melancólico para o doutor da corrupção.
            Até então, ele apostou na lentidão da Justiça como garantia de sua eterna e tranquilíssima impunidade. Considerado o rei do cinismo, que sempre jurou não ter dinheiro no exterior, já havia sido condenado na França. No Brasil, apesar das blindagens concedidas aos parlamentares, o STF o condenou. Finge ter dificuldades para andar, mas só quando é filmado. Ademais, perdeu o medo e a vergonha de exibir-se à luz do dia.
            Mais irônico de tudo é que houve época em que eu até ria dessa sua performance “malufista”. Hoje, evidentemente, que não é coisa para rir. Os trejeitos e cacoetes verbais sempre dominaram o seu comportamento político. Sua herança introduziu o cinismo na sociedade, ajudando a enfraquecer a combalida moralidade da prática política.
            Muitos, agora, apontam o dedo contra o Maluf. Poucos, entre eles, são menos culpados do que o próprio Maluf. Mais raros ainda os que têm a hombridade de limpar-se antes de mostrar a sujeira dos outros.


                                           LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                            lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                              Advogado e mestre em Administração


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