O título desse artigo poderia ser
“Um símbolo que caí”, por que não “O fim de uma era” ou então “Queda do
professor da corrupção”, e tantos outros. Não poderia ser diferente para quem
já tem o seu nome (Paulo Maluf) como verbete obrigatório em qualquer compêndio
sobre política brasileira. Como o verbo “malufar” que significa fraudar, roubar
os cofres públicos.
Não tenho prazer sádico de ver
ninguém preso, mais ainda que tenha 86 anos. Mas que a prisão de Paulo Maluf
foi correta, ninguém pode censurar. Foi condenado a 7 anos, 9 meses e 10 dias
de prisão em regime fechado por crimes de lavagem de dinheiro. De acordo com a
denúncia, o deputado ocultou dinheiro desviado de obras públicas. Em março
deste ano, gabou-se de não constar do rol de investigados na Lava Jato e no
mensalão. Enfim, um desenlace melancólico para o doutor da corrupção.
Até então, ele apostou na lentidão
da Justiça como garantia de sua eterna e tranquilíssima impunidade. Considerado
o rei do cinismo, que sempre jurou não ter dinheiro no exterior, já havia sido
condenado na França. No Brasil, apesar das blindagens concedidas aos
parlamentares, o STF o condenou. Finge ter dificuldades para andar, mas só
quando é filmado. Ademais, perdeu o medo e a vergonha de exibir-se à luz do
dia.
Mais irônico de tudo é que houve
época em que eu até ria dessa sua performance “malufista”. Hoje, evidentemente,
que não é coisa para rir. Os trejeitos e cacoetes verbais sempre dominaram o
seu comportamento político. Sua herança introduziu o cinismo na sociedade,
ajudando a enfraquecer a combalida moralidade da prática política.
Muitos, agora, apontam o dedo contra
o Maluf. Poucos, entre eles, são menos culpados do que o próprio Maluf. Mais
raros ainda os que têm a hombridade de limpar-se antes de mostrar a sujeira dos
outros.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
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