O prefeito de Bayeux, Berg Lima,
escancara sua pequenez moral ao ser flagrado recebendo propina de determinado
fornecedor. Comportamento asqueroso. Uma nódoa desmoralizante que vai levar
consigo por resto da vida. Nenhuma inteligência, nenhuma virtude, nenhum senso
de honra sobrevive a tal situação.
Tudo isso parece loucura, mas é
loucura premeditada. A prática do crime de corrupção tornou-se tão normal e
corriqueira - mesmo com a Operação Lava Jato em curso - que ela própria
determina os critérios em que será julgada, nivelando tudo por baixo.
Transformando-se numa modalidade mais requintada e sutil da canalhice.
Qualquer observador atento pode notar
que a deterioração da política e a petulância dos corruptos provocam merecidas
ondas de indignação, cujo risco pode nos levar o desmanche do Estado
Democrático de Direito inaugurado pela Constituição de 1988. A afirmação é
forte, mas nem por isso menos verdadeiro.
Tenho sido conhecido exatamente pelo
meu otimismo. A meu ver, nem tanto pelas circunstâncias mais pela minha
personalidade. Porém, devo reconhecer que certas forças políticas estão nos
ludibriando, numa agressão mortal à democracia e à liberdade. Acreditar nessa
gente, mesmo por breves instantes, é desmantelar o próprio cérebro.
Não é à toa, Nelson Rodrigues já
alertava: “O mundo só se tornou viável porque antigamente as nossas leis, a
nossa moral, a nossa conduta eram regidas pelos melhores. Agora a gente tem a
impressão de que são os canalhas que estão fazendo a nossa vida, os nossos
costumes, as nossas ideias”.
Feitas essas indispensáveis
observações, parece natural que o eleitor baienense esteja a perguntar-se: onde
estávamos com a cabeça quando negligenciamos em eleger o prefeito Berg?
Enquanto esse tipo de político perder
o respeito por nós, nada de sério se poderá discutir no Brasil.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
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