segunda-feira, 30 de junho de 2014

Vencer ou morrer

       A eliminação da Itália ainda na primeira fase da Copa do Mundo gerou uma série de críticas aos jogadores e a comissão técnica da Squadra Azzurra. Nem os mais céticos imaginavam que viesse ocorrer essa desclassificação antecipada.
            Não é por menos para uma seleção que já participou de 17 vezes da Copa de Mundo. Atrás apenas do Brasil, a equipe italiana foi o primeiro escrete a conquistar dois Mundiais consecutivamente e segunda a conquistar quatro títulos: 1934, 1938, 1982 e 2006. Ficando como vice em 1970 e 1994, e chegou a terceiro lugar em 1990. Como se vê um país com tradição futebolística.
            Antes que me perco em divagação, diante desse episódio, deixe que lhes recorro à história. O ditador Benito Mussolini - ou Il Dulce, como ele era conhecido - foi possivelmente o primeiro líder a usar o futebol na implantação de políticas populares. Ele também foi o primeiro a enxergar a Copa do Mundo como uma forma de propaganda para seu governo perante a comunidade internacional. De certa maneira, Il Duce levou aos gramados esse lado metódico para organizar e vencer o segundo Mundial de 1934.
            Depois de conseguir a indicação da Itália como sede nesse Mundial, Mussolini encarregou a Giorgio Vaccaro, presidente da Federação Italiana de Futebol, a maior missão não bélica daqueles tempos para o país: ganhar a Copa. “Sua responsabilidade, Vaccaro, é o título mundial”, disse o ditador. “Não sei como você vai fazer isso, mas vencer é uma ordem, não é um pedido”. É vero! Foi um tremendo desespero.
            Nas partidas, uma boa parte dos espectadores era simpática ao fascismo – o público pouco torcia pelos craques, gritando, na maioria das vezes, “Itália, Duce!”. Nas apresentações da Azzurra, Mussolini, que obrigava todos, até os árbitros, a fazer saudação fascista no meio do campo, dava a ordem de início da partida.
            Todos os jogadores da seleção Itália passavam por um treino militar. Mas a pressão psicológica exercida por Mussolini era muito pior que qualquer provação física. Antes dos jogos, o ditador escrevia, à mão, um bilhete para cada atleta e membro da comissão técnica, com as mesmas três palavras: “vencer ou morrer”, um slogan fascista.
            Após o êxito do Mundial de 1934, veio o de 1938, a terceira Copa, disputada na França, Mussolini manteve o mesmo treinador, Vittorio Pozzo, e voltou a enviar as mesmas mensagens para cada um dos jogadores, todas as noites anteriores a cada partida, com a sucinta, temida e eficaz sentença: “vencer ou morrer”.
            Agora, na Copa do Brasil, não vamos dizer aqui que faltou a Squadra Azzurra uma pressão à moda de Mussolini, é claro. Mas, os jogadores reconhecem, no mínimo, “é, pisamos na bola!”.

                                                        LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                         lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                          Advogado e mestre em Administração
                                                                                                                                             

            

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