Independente da derrota da seleção
colombiana para o Brasil, ocorrida na última sexta-feira, o referido escrete,
depois de 16 anos fora do Mundial, terminou a primeira, as oitavas e as
quartas-de-final (fases) com um futebol de encher os olhos. Marcado por um
futebol jovem, eficiente e racional.
Apelei muito para que esse confronto
fosse com outro país, por uma razão óbvia: meu genro Andrés Lopez Toro, casado
com minha filha Larissa, é colombiano. Juntos estudam e trabalham em Brisbane,
Austrália. Sei o quanto ele sofreu por ver o seu time pátrio ser derrotado. Atingiu
o seu orgulho, era o seu sangue. Mas, por outro lado, ficou contente pela
oportunidade de mostrar ao mundo que a Colômbia agora vive um grande momento de
transformação: bons números econômicos e mais confiança democrática.
Ademais, a Colômbia que carregava o
estigma de ser extremamente violenta e sem governo – decorrente da presença do
narcotráfico. Atualmente, é um País melhor. Apesar do preconceito que ainda se
esconde nas entrelinhas. A boa propaganda do governo do presidente Juan Manuel
Santos de seus feitos no exterior ajudaram a diluir a carga de carregar um
documento colombiano.
Nas ruas de Bogotá, nessa ocasião da
Copa do Mundo, meninos e meninas desfilam com a camisa da seleção, com o nome
de James e de outras estrelas estampados. O retrato da geração pós-terror não
poderia ser mais claro. A Colômbia avança e pede espaço de protagonista na
América Latina. As notícias deste país, vizinho ao Brasil e que guarda conosco
tantas semelhanças (étnicas, culturais), não poderiam ser melhor.
Como se sabe, a última vez em que a
Colômbia teve êxito internacional no futebol foi no começo dos anos 90, que foi
capaz de vencer a Argentina em Buenos Aires por 5 a 0 e que chegou à Copa de
1994 como favorita, ficou a imagem de um grupo de homens que em parte se
envergonhava desse vínculo com o tráfico. Aos gritos dos torcedores adversários
que os chamavam de “narcotraficantes”. Os
jogadores, no entanto, buscavam responder com gols e jogo bonito. Mesmo assim,
a seleção foi desclassificada. Perplexidade? Decepção? Irritação? Talvez um
pouco de tudo isso.
Interessante, após o assassinato de
Pablo Escobar, chefe do narcotráfico colombiano, o dinheiro que alimentava o
futebol se esvaiu, e os estádios ficavam cada vez mais vazios. Refletindo,
assim, na Copa do Mundo de 1998, onde a Colômbia não passaria nem da primeira
fase, e um longo período de ausência nos Mundiais teve início.
Infelizmente, parece que a ficha
ainda não caiu para algum desavisado sobre a Colômbia de hoje. Esse
desconhecimento não é só velho. É pobre também.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre
em Administração
Nenhum comentário:
Postar um comentário