segunda-feira, 7 de julho de 2014

Uma Colômbia reveladora

            Independente da derrota da seleção colombiana para o Brasil, ocorrida na última sexta-feira, o referido escrete, depois de 16 anos fora do Mundial, terminou a primeira, as oitavas e as quartas-de-final (fases) com um futebol de encher os olhos. Marcado por um futebol jovem, eficiente e racional.
            Apelei muito para que esse confronto fosse com outro país, por uma razão óbvia: meu genro Andrés Lopez Toro, casado com minha filha Larissa, é colombiano. Juntos estudam e trabalham em Brisbane, Austrália. Sei o quanto ele sofreu por ver o seu time pátrio ser derrotado. Atingiu o seu orgulho, era o seu sangue. Mas, por outro lado, ficou contente pela oportunidade de mostrar ao mundo que a Colômbia agora vive um grande momento de transformação: bons números econômicos e mais confiança democrática.
            Ademais, a Colômbia que carregava o estigma de ser extremamente violenta e sem governo – decorrente da presença do narcotráfico. Atualmente, é um País melhor. Apesar do preconceito que ainda se esconde nas entrelinhas. A boa propaganda do governo do presidente Juan Manuel Santos de seus feitos no exterior ajudaram a diluir a carga de carregar um documento colombiano.
            Nas ruas de Bogotá, nessa ocasião da Copa do Mundo, meninos e meninas desfilam com a camisa da seleção, com o nome de James e de outras estrelas estampados. O retrato da geração pós-terror não poderia ser mais claro. A Colômbia avança e pede espaço de protagonista na América Latina. As notícias deste país, vizinho ao Brasil e que guarda conosco tantas semelhanças (étnicas, culturais), não poderiam ser melhor.
            Como se sabe, a última vez em que a Colômbia teve êxito internacional no futebol foi no começo dos anos 90, que foi capaz de vencer a Argentina em Buenos Aires por 5 a 0 e que chegou à Copa de 1994 como favorita, ficou a imagem de um grupo de homens que em parte se envergonhava desse vínculo com o tráfico. Aos gritos dos torcedores adversários que os chamavam de “narcotraficantes”.  Os jogadores, no entanto, buscavam responder com gols e jogo bonito. Mesmo assim, a seleção foi desclassificada. Perplexidade? Decepção? Irritação? Talvez um pouco de tudo isso.
            Interessante, após o assassinato de Pablo Escobar, chefe do narcotráfico colombiano, o dinheiro que alimentava o futebol se esvaiu, e os estádios ficavam cada vez mais vazios. Refletindo, assim, na Copa do Mundo de 1998, onde a Colômbia não passaria nem da primeira fase, e um longo período de ausência nos Mundiais teve início.
            Infelizmente, parece que a ficha ainda não caiu para algum desavisado sobre a Colômbia de hoje. Esse desconhecimento não é só velho. É pobre também.

                                                              LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                              lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                 Advogado e mestre em Administração
           

             

Nenhum comentário:

Postar um comentário