segunda-feira, 23 de junho de 2014

Família Scolari

       Existe uma máxima no jargão militar que diz “a tropa é o espelho do comandante”. É dessa forma que vejo a equipe da Seleção Brasileira sob o comando de Luiz Felipe Scolari, popularmente conhecido como Felipão.
            Você pode chamá-lo do que quiser, menos de bobo. Ele é um líder nato, avesso à cultura das celebridades. É um nacionalista convicto e, mais importante, é um treinador confiante. Com se não bastasse ainda de ser chamado de “paizão” pelos seus comandados.
            Lembro-me, em 2002, a imprensa o acusava de ser truculento fora de campo e de pregar a violência dentro dele. Quando Felipão deu sinais de que excluiria Romário da lista da Copa, por indisciplina, palavrão escabroso não faltou, o mundo veio abaixo, a pressão tornou-se popular. Quanto mais o xingava, aí que se firmava o propósito de não convocar o baixinho (Romário). O tempo lhe daria razão. Assim tem sido o seu norte, numa lucidez plena de contemporaneidade, sem mercadejar suas ideias.
            Há pouco li um ensaio de um articulista esportivo que enaltecia as qualidades do técnico do nosso “escrete de ouro”.  Entre outras, dizia que ele é conhecedor da psicologia dos boleiros, capitão em todos os times que passou, costumava ter colóquios ao pé do ouvido com peças fundamentais de seus times. Antes do Mundial de 2002, conversou com Ronaldo, convalescente da mais grave de suas lesões, e lhe prometeu a vaga caso se empenhasse para tê-la. Rivaldo, que não repetia na Seleção o desempenho nos clubes, igualmente recebeu carinho especial para adquirir confiança. Foi assim que o treinador consolidou a figura do paizão e viu seu grupo pentacampeão de 2002 ser batizado de “Família Scolari”.
            A Copa do Mundo nem sempre tem como campeão o melhor time. Muitas vezes prevalece o acaso, a sorte, as circunstâncias, um monte de coisas. Inescapável, porém, nesse tabuleiro da disputa, a figura do técnico para atingir o êxito da equipe. Desde a escolha certa dos jogadores, como da parte tática, da confiança e do total comprometimento de levar seu grupo ao
título.
            É. Viver no Brasil não é para fracos, principalmente numa peleja que é o futebol, em que o cara tem que ser bom, ou melhor, tem que ser excepcional. Independentemente de ser bronco ou simpático, general maquiavélico ou simplório feliz, carrasco do futebol, moleque ou arauto do futebol aguerrido, Felipão poderá assegurar, muito breve, a posição de técnico mais vitorioso da história do País, caso leve a Seleção Brasileira ao hexacampeonato.
            É esse o Felipão. Além de confiar na torcida, conta com a fé. E apesar de ser muito religioso, definiu com uma frase profana o que espera de seu grupo, proferida numa coletiva: “Eu acredito, e vou até o inferno com eles”.
             

                                                        LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                         lincoln.consultoria@hotmail.com

                                                           Advogado e mestre em Administração

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