Existe
uma máxima no jargão militar que diz “a tropa é o espelho do comandante”. É dessa
forma que vejo a equipe da Seleção Brasileira sob o comando de Luiz Felipe
Scolari, popularmente conhecido como Felipão.
Você pode chamá-lo do que quiser,
menos de bobo. Ele é um líder nato, avesso à cultura das celebridades. É um
nacionalista convicto e, mais importante, é um treinador confiante. Com se não
bastasse ainda de ser chamado de “paizão” pelos seus comandados.
Lembro-me, em 2002, a imprensa o
acusava de ser truculento fora de campo e de pregar a violência dentro dele.
Quando Felipão deu sinais de que excluiria Romário da lista da Copa, por
indisciplina, palavrão escabroso não faltou, o mundo veio abaixo, a pressão
tornou-se popular. Quanto mais o xingava, aí que se firmava o propósito de não
convocar o baixinho (Romário). O tempo lhe daria razão. Assim tem sido o seu
norte, numa lucidez plena de contemporaneidade, sem mercadejar suas ideias.
Há pouco li um ensaio de um
articulista esportivo que enaltecia as qualidades do técnico do nosso “escrete
de ouro”. Entre outras, dizia que ele é
conhecedor da psicologia dos boleiros, capitão em todos os times que passou,
costumava ter colóquios ao pé do ouvido com peças fundamentais de seus times.
Antes do Mundial de 2002, conversou com Ronaldo, convalescente da mais grave de
suas lesões, e lhe prometeu a vaga caso se empenhasse para tê-la. Rivaldo, que
não repetia na Seleção o desempenho nos clubes, igualmente recebeu carinho
especial para adquirir confiança. Foi assim que o treinador consolidou a figura
do paizão e viu seu grupo pentacampeão de 2002 ser batizado de “Família
Scolari”.
A Copa do Mundo nem sempre tem como
campeão o melhor time. Muitas vezes prevalece o acaso, a sorte, as
circunstâncias, um monte de coisas. Inescapável, porém, nesse tabuleiro da
disputa, a figura do técnico para atingir o êxito da equipe. Desde a escolha
certa dos jogadores, como da parte tática, da confiança e do total
comprometimento de levar seu grupo ao
título.
É. Viver no Brasil não é para
fracos, principalmente numa peleja que é o futebol, em que o cara tem que ser
bom, ou melhor, tem que ser excepcional. Independentemente de ser bronco ou
simpático, general maquiavélico ou simplório feliz, carrasco do futebol,
moleque ou arauto do futebol aguerrido, Felipão poderá assegurar, muito breve,
a posição de técnico mais vitorioso da história do País, caso leve a Seleção
Brasileira ao hexacampeonato.
É esse o Felipão. Além de confiar na
torcida, conta com a fé. E apesar de ser muito religioso, definiu com uma frase
profana o que espera de seu grupo, proferida numa coletiva: “Eu acredito, e vou
até o inferno com eles”.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado
e mestre em Administração
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