Hoje,
se estivesse entre nós, Jackson do Pandeiro estaria revoltado com o tratamento
afrontoso que está sendo dado ao autêntico forró. Principalmente pelas nossas
autoridades públicas que enxergam (estupidamente) o forró como música
ultrapassada, que não arrasta gente, tampouco levanta grana para custear as
sofisticadas festas juninas.
Não é razoável! É preciso dizer. É
preciso pôr fim a isto. Para o povão, só é possível a um governante com alto nível
de insanidade, burrice e incompetência - para não dizer outros adjetivos nada meritórios.
É um insulto a cultura nordestina. É um deboche intencional e vulgar.
Dia desses
encontrei um amigo, de colegial, entre um papo e outro, relembramos do show de
Jackson do Pandeiro que assistimos juntos. Oportunidade em que fiquei admirado
com a criação e a improvisação das palavras cantadas e da performance da
melodia. Ele já tinha fama de Sua Majestade, Rei do Ritmo.
Esse show, a que me refiro, ocorreu em 1968, no famoso Tênis Clube
de Cajazeiras. Guardo na minha memória aquele baixinho, magro, cafuzo,
bigodinho ralo e o seu inconfundível chapéu e camisa estampada. Hoje carrego o
orgulho desse registro histórico. Confesso, desde então (ainda garoto), virei
seu fã bobão.
Como
diz o meu amigo de colegial, “Nós, da turma de intelectuais fuleiros e lisos”,
jamais poderíamos deixar de comentar e homenagear Jackson do Pandeiro
(1919-1982). Então, vamos lá. Ele nasceu em Alagoa Grande, o seu estilo ganhou
corpo em Campina Grande e saiu de Pernambuco para conquistar o mundo.
Seu
disco de estreia (em 1953) trazia o coco “Sebastiana” e o rojão “Forró em
Limoeiro”, tivera incríveis 50 mil compradores, logo uma façanha até para os
cartazes da Rádio Nacional. “Enquanto Luiz Gonzaga popularizou o baião, o xote
e xaxado, Jackson projetou o coco, o samba nordestino, com divisão rítmica
vertiginosa e letras de métricas afiadas”, manifesta o crítico musical Tárik de
Souza.
Epítetos
geralmente não erram – Jackson era o Rei do Ritmo. Também o homem orquestra.
Tocou de tudo: ganzá, reco-reco, zabumba, tamborim, gaita, sanfona, piano. Se
fosse para puxar um jazz ou um blues na bateria, não tinha problema. Mas é no
pandeiro que ele brilhou. Pudera, seu virtuosismo no domínio do instrumento se
tornou lendário.
Como
diz o historiador, Luiz Antônio Simas, “Jackson do Pandeiro, está para a música
brasileira como Mané Garrincha para o futebol. Pintava o sete igual o camisa
sete do Botafogo”.
À futura geração: espero que a arte musical do forró pé-de-serra, deixado pelos mestres Luiz Gonzaga e Jackson Pandeiro, não seja esquecida, não seja apenas um verbete no dicionário.
LINCOLN
CARTAXO DE LIRA
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