Faz sentido, sem
dúvida, dizer que as ruas do Brasil estão doentes. Não adianta improvisar,
adotar medidas paliativas, abarrotadas de incongruência. O avesso do que se dá
por certo.
Refiro-me à exposição de moradores
sem teto, de pessoas que consomem drogas abertamente, a qualquer hora do dia e
em qualquer lugar, de vulneráveis subjugados pelo crime organizado, de crianças
exploradas por adultos, familiares ou não, usando-as como reféns para inspirar
algum tipo de misericórdia que resultem em dinheiro.
Descordo frontalmente do consenso
errático de que as pessoas estão nas ruas unicamente por serem pobres. Há nas
ruas um efetivo incontável de usuários de drogas e indivíduos com transtornos
mentais.
O Brasil está de joelhos diante
dessa mazela. Basta sair às ruas para confirmar essa realidade vergonhosa. Tá
lá: símbolo máximo do descaso. E a cidade de João Pessoa não foge à regra,
infelizmente.
Fico triste ao constatar tudo isso.
Um ambiente inóspito aos olhos. Uma cegueira da razão.
Como diria pausadamente o ator Jack
Palance nos anos 80, com seriedade e suspense (sim, isso é possível):
“Acredite... se quiser”. Bom. Recentemente, quando me dirigia à Caixa Econômica
Federal (agência Tambaú – Ruy Carneiro), como faço quinzenalmente, constatei
essa triste realidade (dos sem teto), na marquise desta instituição financeira.
Para documentá-la tirei a presente foto.
Podes crer, fiquei surpreso com a
reação de um deles (completamente drogado):
-
Você... você mesmo. Porque está tirando foto? Não pode, não!
E foi muito rápido. Muito. Aquilo
soou como uma ameaça.
-
Calma aí, amigão. Estou fazendo isso para ajudá-los.
Tal exposição vexatória e degradante
já faz parte de nosso cotidiano. Questão é que os nossos governantes e a
sociedade não oferecem soluções. Mais do que se indignar, é preciso mudar
conceitos. Fugir desse altruísmo patológico – quando a ajuda se torna inútil,
improdutivo e até mesmo destrutivo.
Entenda-se: a somatória de erros
associada à ausência de atendimento psiquiátrico adequado e de oferta de
tratamento para que a pessoa deixe de consumir drogas resulta em uma tempestade
perfeita.
Não é possível termos cidades saudáveis
com essas pessoas largadas à desordem social da lógica da rua. Ou seja: temos
que criar o conceito de ruas e cidades saudáveis para oferecer soluções.
Uma política de Estado se faz
urgente. Esse pessoal precisa de urgente acompanhamento psiquiátrico. Não tem
como alguém ter a mínima chance de reconstruir a vida a partir da rua.
Ainda há tempo para mudar, e querem
saber até pedir desculpas por essa tragédia urbana.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Nenhum comentário:
Postar um comentário