domingo, 18 de junho de 2023

A valorização de nossa moeda

 

            Como é sobejamente sabido, a recusa em receber pagamento em dinheiro na moeda corrente do país pode gerar multa para o estabelecimento ou prestador de serviços, de acordo com o artigo 43 da Lei das Contravenções Penais.

            Pode, sim, pagar com cartões de crédito ou débito, pix, que é uma facilidade bem-vinda, porém jamais recusar de receber pagamento em espécie.

            Toda essa introdução é para contar uma historinha que ocorreu no recente show que eu fui assistir do grande artista Nando Cordel, realizado em Bananeiras.

            Por um, breve momento, que dura um piscar de olhos, acreditei que isto não estivesse ocorrido, depois me lembrar que estamos no Brasil, e que coisas estapafúrdias ocorrem e que depois não vão dar em nada. Vamos lá.

            No transcorrer do show de Nando Cordel, após tomar alguns uisquezinhos, me dirigi ao bar do estabelecimento para comer um petisco. Saquei da minha carteira o dinheiro (já trocado) para fazer o pedido, após checar o cardápio estampado na parede.

            Para meu espanto, e constrangimento, o atendente do balcão assim verberou:

- Infelizmente, senhor, não recebemos dinheiro, só cartões de crédito ou pix.

            Sem meias palavras, lhe retruquei;

- Como assim, estou lhe pagando em espécie e, por cima, já trocado. Só pode estar brincando. Isso é ilegal o que você está fazendo. Não dá, é um insulto!!

            Ele ficou uns segundos atabalhoado, e respondeu:

- Acho que o senhor deu para entender, né? Recebo ordens.

            Isso está certo? É claro que não!

            Para meu espanto, não adiantou o meu argumento pedagógico. Mesmo contrapondo essa atitude extemporânea, não me foi dispensado os princípios de civilidade. Pouco se importando com olhares censurados dos outros que estavam na fila para ser atendidos.

            Fiquei p... da vida com o seu estarrecedor esclarecimento. Argumento cínico, para dizer o mínimo. Como não podia ser diferente, perdi a graça de fazer qualquer pedido, mesmo portando o meu cartão de créditos.

            Depois de vários outros blá-blá-blás com a responsável pelo bar e restaurante do evento, preferi recorrer a minha índole pacífica. Pois gosto mesmo de estar no lugar que me faz sentir mais leve, mais autêntico, mais igual. E, no fim das contas, um pote até aqui de mágoa.

             Cá entre nós, que vontade foi de tomar Doril!  Não tenho estômago para tudo isso. Como não podia ser diferente, o consolo foi voltar para o uisquezinho, meu velho companheiro de guerra, e curtir o resto do show com a minha querida consorte Socorro e meus amigos.

            Ah, sim. Acredito que podemos tirar algumas lições do que foi relatado aqui. Não obstante, não aceitando a desculpa esfarrapada de que não recebe dinheiro (espécie) porque não tem troco. O que cargas d’água nós (cliente/consumidor) temos a ver com isso.

            Vale frisar que essa aberração não é praticada por gente sem instrução, mas por gente muito bem esclarecida. Que faz o que lhe der na telha.

            E daí? Só lamentar.

            Em tempo: quero deixar bem sublinhado que o dono do estabelecimento não tem qualquer responsabilidade com o referido episódio, mas com os organizadores do show.

 

                                               LINCOLN CARTAXO DE LIRA

           

           

           

           

Nenhum comentário:

Postar um comentário