quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Reviravolta na educação

 

            Foi essa frase que motivou o presente texto.

A desorganização da educação nessa pandemia, com ensino a distância (EaD), está tão acentuada que a própria expressão soa débil, como um eufemismo pudico de bagunça. Um verdadeiro deus nos acuda.

            No campo das boas intenções, o Conselho Nacional de Educação (CNE) deu sinal verde, em 18/3, para a realização de aulas online a partir do ensino fundamental.

            Com escolas fechadas pela política de isolamento social, a utilização maciça de ferramentas digitais em substituição às aulas presenciais expôs as insuficiências da educação a distância (EaD) no País. Algumas delas são a falta de formação específica para professores e o precário acesso da população a recursos tecnológicos, como computadores e internet de qualidade.

            O Brasil, como é sobejamente sabido, nunca se preocupou com a atenção devida na área da educação. Com agravante: abrindo mais espaços para o aumento do interesse de grandes corporações na venda de pacotes educacionais que prometem, sem cumprir, uma eficiência a toda prova do ensino e da aprendizagem de conceitos. Colocando todos (nós) no balaio dos “indignados”.

            Taí o teste do PISA, considerado o mais importante indicador na avaliação da qualidade do ensino, onde coloca o Brasil na posição 57, entre os 77 países participantes. Ficamos atrás de Malásia, Jordânia, México, Chile e Bielorrússia.

            Isso é ruim, é péssimo para a imagem da nossa educação, que já anda há tempo cambaleando de tão sofrível. O problema é real, e não adianta politizar o tema com discursinho bobo. Esse cenário exige que toda e qualquer decisão necessitemos ter por base o princípio da isonomia dos discentes. Principalmente no que diz respeito aos recursos tecnológicos.

             Tal como o mágico que retira o coelho da cartola, afirmam os profissionais da educação que tiveram que inventar exercícios, produzir extensas páginas com conteúdos de suas variadas disciplinas, passar a fazer vídeos e forjar uma relação virtual que até então não existia.

                Pelo noticiário, assisti um depoimento de um professor que dizia: “Tivemos que reinventar a nossa rotina escolar fora da escola, da mesma forma com a rotina da casa. Afirmando ainda que uma filha de sua sobrinha que não se interessa pelo conteúdo escolar fora da escola. Ela associa a casa à brincadeira, ao lazer”. O que, me parece, ser natural.

            Cabe notar que a substituição do ensino presencial pela EaD tornou-se um problemão. A escola continua sendo, para muitas crianças e adolescentes, o local primordial de interação social, onde se deparam com a diferença de pensamento e de formas de ser e estar. Ou seja: simplesmente não há escola sem aula.

            Sublinhando tudo, o MEC navega com bússola defeituosa em meio ao vendaval da saúde pública, agravado pela instabilidade da sua gestão.

 

                                      LINCOLN CARTAXO DE LIRA

                                      lincoln.consultoria@hotmail.com

                                    Advogado, administrador e escritor

 

                       

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