De
tanto falar da crise do coronavírus, envolvendo até o presidente, alguém me
cochichou: “Você não viu? O cara (Bolsonaro) é um maquiavélico”. Tal descrição
me levou a reler o livro “O Príncipe de Maquiavel”, originalmente escrito em
1513.
Momento mais do que oportuno (não só
pelo aspecto político, como pela minha quarentena) para compulsar essa obra
clássica, cujos ensinamentos são adaptados ao mundo real. Personagens como
Napoleão Bonaparte, Winston Churchill, Franklin Roosevelt e Henry Kissinger,
entre centenas de outras figuras de nosso tempo, assumiram publicamente a
importância dessa obra para se manter no jogo do poder.
A conjuntura atual, através das
lições de Maquiavel, vai permitir conhecer a filosofia e as estratégias reais
que moldam o mundo moderno e agir de modo mais consciente, com vistas a evitar
manipulações de outros e ir atrás dos próprios objetivos.
Maquiavel é incisivo: há vícios que
são virtudes, não devendo temer o príncipe que deseje se manter no poder, nem
esconder seus defeitos, se isso for indispensável para salvar o Estado. Um
príncipe não deve, portanto, importar-se por ser considerado cruel se isso for
necessário para manter os seus súditos unidos e com fé.
No solo arenoso que é a vida
política, Maquiavel demonstra como um governante deve agir – seja com os seus
ministros ou com o povo – para manter o poder e a ordem do Estado; mesmo que
para isso se comporte de modo cruel ou imoral. Assim, essa interpretação
maquiaveliana da esfera política foi que permitiu a ideia de que “os fins
justificam os meios”.
Daí surgir no imaginário e no senso
comum de que Maquiavel seria alguém articulouso e sem escrúpulo, dando a origem
à expressão “maquiavélica” para designar algo ou alguém dotado de certa
maldade, frio e calculista.
Pensando, comigo mesmo, o mundo não
dá para escapar das lições de Maquiavel.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e
mestre em Administração
Nenhum comentário:
Postar um comentário