Outro
dia liguei o rádio do meu carro e casualmente sintonizei num programa que
apresentava músicas sertanejas, que só falava de bebedeira. Do tipo: “Eu vou
morrer, eu vou morrer / Eu vou morrer, mas eu não paro de beber”, uma canção de
Gusttavo Lima.
Longe de ser um moralista de
botequim, sou completamente contra esse tipo de mensagem musical, estilo de mau
gosto. Ah, nós somos tupiniquins, tropicais e é assim mesmo que provoca a
sedução por tais canções. Não, não é para ser assim.
Temos vivido uma apologia ao álcool
sem precedentes. Tudo isso decerto oferece grande volúpia, provocada na busca
pela sensação de liberdade e prazer. As palavras são traiçoeiras, dizem que a
língua é o que há de melhor e de pior do mundo.
Acreditem: a relação entre “música e
álcool” passou a fazer parte do conteúdo lírico da música contemporânea. Nas
letras, aborda o consumo de bebidas alcoólicas a uma vida de luxo, de festas,
de baladas, de sexo ou de sanar mágoas amorosas.
Perguntei-me o que a turma original
da Bossa Nova acharia dessa degringolada onda musical. Mesmo sendo eles fiéis à
seita do malte ou outros drinques, jamais fizeram apologia em ralação ao álcool
em suas composições. Bebericavam para molhar as palavras e fazer belas canções.
Tom Jobim, por exemplo, até os 30
anos dedicou-se à cerveja e ao chope, depois ao uísque. Já o poeta e diplomata
Vinicius de Morais era o homem do uísque. Baden Powell era decididamente fã da
Escócia (...). Ronaldo Bôscoli tomava um drinque típico dos anos 50: cuba livre
(rum com coca-cola) e por aí vai.
Já está mais do que na hora de os
verdadeiros compositores começarem a assumir uma posição sensata de orientação
ao seu público, sem a necessidade de viés ideológico, tampouco de linguajar
chulo e de palavrões inconsequentes.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
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