Meu velho amigo Cordeiro, como sempre inteligente e bom humor, enquanto arrumava os óculos Ray-Ban no rosto, disse-me que “A beleza é o capital da mulher, e o capital é a beleza do homem”.
Confesso: fiquei curado de meu sentimento de ignorância a respeito dessa citação. Tive uma “cura mental”, seja lá o que for isso. Mas, peraí, temos de ter cuidado com tal estereótipo. Pode parecer engraçado. Para muitos, pode soar como coisa menor.
Os antigos achavam que o homem ideal deveria ser trabalhador, inteligente e dedicado à família. Como não precisava ser perfeito, podia ser feio. Já a mulher, inconstante, ingênua, curiosa e faladeira, tinha de ser bonita. Não é por acaso que “As feias que me perdoem, mas a beleza é fundamenta”, já reverberava Vinícius de Morais. Garante o provérbio americano “Se o olho não admira, o coração não deseja”. É por isso que “A feiúra é o grande aliado da castidade” e “Mulher bonita já nasce noiva”.
A vantagem de que elas gozam é significativa. Há pesquisas mostrando que gente atraente tende a ganhar mais, receber melhores avaliações na escola e no trabalho, vencer mais eleições e até a relatar maiores níveis de satisfação com a vida (felicidade). Mesmo quando pisam na bola e vão a julgamento, as bonitas têm maiores chances de ser inocentadas.
Mas não só isso: o fenômeno, conhecido como “prêmio beleza”, pode ser quantificado. O economista Daniel Hamermesh estimou que, nos EUA, pessoas cuja aparência é considerada acima da média conseguem salários de 10% a 15% maiores que os de seus pares menos afortunados. Gente atraente tende a ter melhor desempenho em áreas como vendas e relações públicas, sem mencionar carreiras artísticas.
O difícil é convencer o cérebro que as curvas do rosto dizem algo sobre o caráter de uma pessoal. Ou seja: convencê-lo de que essa relação é deverasmente espúria.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
Nenhum comentário:
Postar um comentário