Vivemos
numa época pobre de negatividade e de tempos bizarros, em que pipocam surtos de
falso moralismo e de privilégios. O objetivo, pois, deste artigo é abrir fresta
para os bastidores da república, no que concerne aos seus privilégios.
Não há bala de prata que mate de uma
única vez o monstro dos privilégios; mas, sim, esforço e coragem dos nossos
Congressistas para alterar o “statu quo” dessa tipicidade vexatória, para não
dizer outro adjetivo menos nobre.
Fiquei indignadíssimo com os números
divulgados. Para 2018, o orçamento total do Senado e da Câmara é de incríveis
R$ 10,5 bilhões, de acordo com a ONG Contas Abertas. Tal montante equivale a um
custo em relação ao PIB seis vezes maior do que em países desenvolvidos, e
seria suficiente para construir mais de 5.000 escolas.
Para atacar o problema é só cortar
privilégios: excesso de assessores, e enxugamento geral da estrutura do
Congresso. Há muita coisa que pode ser eliminada por um Legislativo mais
adequado, a exemplo de copeiros, ascensoristas, motoristas...
Ora, se o cenário de privilégios é
desolador no Legislativo, no Poder Judiciário não fica atrás. Segundo o CNJ
(Conselho Nacional de Justiça), as despesas totais do Judiciário somaram R$
84,8 bilhões em 2016. O valor corresponde a 1,4% do nosso PIB, ou seja, seis
vezes maior do que o de nações civilizadas.
O Poder Executivo, por sua vez,
gasta quase R$ 3,5 milhões anuais apenas para manter as regalias a
ex-presidentes da República. Sem falar que ainda tem que pagar os prejuízos
bilionários ano após ano das 150 estatais, decorrentes da ineficiência
administrativa e da distribuição de cargos e outros conchavos.
Qualquer Zé-mané entende isso em
dois minutos. Só não entendem os que estão sendo beneficiados com tais
privilégios. Na verdade, não querem entender. É por isso, exatamente, que o
Brasil é criticado por não ter a menor chance de ser confundido com o país
sério.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e
mestre em Administração
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