terça-feira, 27 de junho de 2017

O circo baixa a lona

            Acabo de ler, com bastante interesse, a reportagem sobre o fim do Circo Ringling Bros, depois de 79 anos de vida. Assim registrava a manchete dessa reportagem: “O circo mais tradicional dos Estados Unidos baixa a lona”.
            Os motivos que selaram o destino infeliz do magistral Ringling Bros foram os sucessivos protestos contra maus-tratos aos animais, levando a dispensar do espetáculo os últimos elefantes asiáticos, além de leões, tigres, cavalos e cachorros. Some-se a isso a dificuldade para atrair jovens espectadores, mais acostumados a emoções virtuais.
            Já nos primórdios, o Ringling Bros converteu os elefantes em seu principal símbolo. Não à toa, virou alvo fácil de protestos, num país em que não há lei federal proibindo animais circenses, embora haja jurisdições em 27 estados vetando total ou parcialmente sua participação em espetáculos.
            Lembro-me bem - e parece ter sido hoje - ainda garoto lá em Cajazeiras, seguindo uma trilha de serragem, entrava debaixo daquela lona colorida e sentava naquelas arquibancadas (chamada de “puleiros”) para assistir o “Maior Espetáculo da Terra”. Tempos memoráveis; onde se via trapezista, malabarista, palhaço, acrobata, equilibrista, domador... com o compromisso de tornar a vida em um arco-íris, não o monótono preto-e-branco.
            Não era um Jorginho Guile, nem Nelson Rodrigues para quem o trabalho era uma coisa triste. Ali, na labuta da família circense, era só alegria, as lágrimas eram substituídas por sorrisos. Melhor: numa época em que ainda não predominava a “força da grana que ergue e destrói coisas belas”.
            Pensei cá comigo: acho que atualmente estamos precisando um pouco do ambiente circense, não o ambiente político tão desafortunado e vergonhoso, para transformar o desespero em esperança, o pânico em refrigério.


                                   LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                    lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                   Advogado e mestre em Administração



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