Nunca fez tanto sentido dizer que o
Brasil é o país da piada pronta. Notadamente quando se refere à falta de
seriedade no trato com o dinheiro público.
Esse proselitismo vergonhoso vem de longe,
do tipo: construção da ponte por onde não passa água; da ponte que liga a nada
a lugar nenhum; da obra para captar água de um rio seco... Exemplos nunca
faltam! Esse é o velho Brasil!
Agora, recentemente, ficou
constatado mais um desperdício de recursos públicos, como foi o caso do
programa Ciência sem Fronteiras, criado em 2011, cujo objetivo era copiar a
experiência bem-sucedida áreas de pesquisa de outros países no envio de
estudantes ao exterior, num esforço para que tivessem contato com novas áreas
de pesquisa e pudessem trazer uma bagagem acadêmica mais rica.
Em verdade, basta um olhar mais
apurado para perceber que o referido programa custou muito aos cofres públicos,
quase 9 bilhões de reais desde 2011, e o retorno para o Brasil ficou muito
aquém do imaginado. Ora, menos de 4% dos bolsistas do Ciência sem Fronteiras
conseguiram se formar em tempo regular. Na média, 15% dos alunos cumpriram o
curso no período previsto. A principal razão foi exatamente o descasamento
entre os currículos das universidades brasileiras e estrangeiras.
Segundo o ministro da Educação, José
Mendonça Filho, em relação ao programa, chamou a política de “Robin Hood às
avessas: tira dos mais pobres para dar aos mais ricos”. Pois a maior parte dos
bolsistas vinha de boas universidades públicas e cursos de difícil aprovação,
territórios da classe média alta. Dados mostram que 64% dos estudantes do programa
tinham uma renda familiar condizente com a classe B.
Há, decerto, meio mais inteligente
de solucionar a contenda. Basta ter critério e seriedade. Espero que o fim
desse capítulo, experiência fracassada do Ciência sem Fronteira, não significa
que o país deixará de enviar seus talentos para fora.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
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