No texto da semana passada, só para
relembrar, eu comentava sobre a transformação social da cidade de Medellín, que
já foi o lugar mais violento do mundo. Não por acaso ter ganho o nada
honorífico título “capital mundial da violência”.
No início dos anos 1990, a taxa de
homicídio de Medellín, segunda maior cidade colombiana, então com 1,8 milhões
de habitantes, era uma taxa de 360 por 100 mil habitantes. Um verdadeiro
massacre, matança. Carteis de droga, níveis recordes de homicídio, e pobreza
generalizada, era essa a imagem da cidade. Sem falar do mítico traficante
internacional Pablo Escobar que dominava toda área.
Alguém pode perguntar: qual foi o
milagre?
Bom. Não houve milagre. Houve, sim,
vontade política. Mostrando que não se combate a insegurança de uma cidade com
balas e polícia, mas com projetos sociais, com convivência e a criação de
espaços de encontros. Elegendo como foco principal a educação.
Lembrando que os jovens envolvidos
na marginalidade foram convidados a trabalhar como educadores, e passaram a
receber um salário. Tem mais: para acompanhar os indicadores sociais, nasceu
uma entidade civil chamada “Como Vamos Medellín”, cujos resultados são
amplamente divulgados pela mídia. É uma espécie de termômetro para medir
qualidade de vida, em que se contabilizam desde sequestros, roubos, furtos até
evasão escolar, gravidez precoce, renda dos trabalhadores e dos desempregados.
Se não me engano foi Ulisses
Guimarães quem disse que, a cidadania começa com o alfabeto. Ou seja: com a
educação. Por outro lado, o estado brasileiro, diferentemente de Medellín,
ignora as favelas. Quando se envolve, faz de forma hostil. Sendo omisso nas
políticas públicas mais elementares.
É hora de falar sério. Mais do que
repisar na obviedade. O que se vê, por este Brasil afora, é cantilena
oportunista de iludir a população com ações do tipo cosméticas, ou
malintencionadas, ou emburrecedoras, tribal, no pior sentido da palavra.
Um parêntese. Faço aqui o
reconhecimento, e me parece inegável, que a gestão municipal de João Pessoa tem
contribuído para melhorar e atenuar esse quadro de insegurança, a exemplo da
revitalização do Parque Solon de Lucena e a recuperação de inúmeras praças, a
execução de 8.500 unidades habitacionais, a abertura de 9.340 vagas em creche e
o impulso ao empreendedorismo, através da oferta de créditos pelo Banco
Cidadão.
Só lembrando. Na conquista do
orgulho ser medelinense, ecoa uma explicação do ex-prefeito Sergio Fajardo :
“Por que investir na educação contra o tráfico? Porque é a arma mais eficaz e
importante no processo de mudança”.
Não há mais nada interessante na vida,
como o bom exemplo. Devemos assim nos espelhar nas ações da cidade de Medellín.
Um novo rosto da segurança.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e
mestre em Administração
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