domingo, 6 de março de 2016

Grande educador

            No carnaval que passou, depois de uma boa caminhada, alternada com banhos de mar, conversa fiada e algumas cervejas geladíssimas, nada mais encantador do que puxar um bom bate-papo com um amigo cajazeirense, como eu, que não encontrava havia tantos anos.
            Costumo dizer que morre lentamente quem não preserva a sua história, os seus amigos, não troca de ideias, não troca de discurso, não se desperta na busca de novas amizades. Por isso, sou um aficionado por uma boa conversa, principalmente tipo daquela que remove o nosso passado de juventude e de infância.
            Contato como esse, não há como falar de Cajazeiras sem citar os seus grandes educadores como, por exemplo, do seu fundador Pe.Inácio Rolim, do Bispo Diocesano D.Zacarias Rolim de Moura, que celebrou a minha primeira comunhão, do  Cônego Luiz Gualberto de Andrade, do Monsenhor Vicente Freitas e do intelectual e distinto professor Antônio José de Souza, carinhosamente chamado de “Titonho”.
            Na condição de aluno, foi com ele, o nosso querido “Titonho”, que tive o prazer de sua convivência e de seus ensinamentos quando exercia então a função de secretário do Colégio Comercial Monsenhor Constantino Vieira e, às vezes, como professor, quando da ausência (em sala de aula) de algum outro mestre.
            Quer saber? Não importava a disciplina, estava pronto para discorrer sobre qualquer assunto. Sua sabedoria era abundante. Não apenas como uma visão superficial das coisas, mas com conteúdo em tudo que falava. Qualidade que o levaria ser o maior cronista da cidade, com estilo inteligente e o deleito da leitura.
            Outro dia vi a sua foto na internet, engasguei. Foi como voltasse ao passado distante, e ao mesmo tempo tão presente em minha vida. Pelo seu perfil, a mesma postura e as mesmas roupas que ele usava: tecidos clássicos como o linho e a seda, com caimento impecável.
            Nasceu na zona rural de Cajazeiras, sítio Cotó, hoje sítio Fátima. Em razão das dificuldades da época o impediram de concluir o ginásio, dedicou-se a ensinar o que aprendera. Abriu uma escola, iniciou o exercício do magistério, fez-se professor. Quando ele se dirigia aos seus alunos não era para fazer cabeças, mas para estimular e para reflexão.
            Sim, é verdade. Toda a sua vida foi dedicada ao ensino. Ao ponto de casar-se com a vocação do magistério. Quem quisesse conhecer Cajazeiras, buscava o Mestre “Titonho”: um acervo vivo, uma memória prodigiosa. E se ele falou, está falado e garantido – assim manifestava os seus discípulos.
            A desesperança, neste momento doloroso da vida política do País, como nos faz falta o professor “Titonho” para reacender a alma do nosso povo.


                                                       LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                            lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                             Advogado e mestre em Administração
           


            

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