No último sábado, por volta das 6
horas da manhã, na Av.Ruy Carneiro, precisamente em frente a um Espaço Gospel,
assisti uma cena de violência contra uma jovem que se encontrava na parada de
ônibus, aguardando a chegada do transporte com destino ao seu trabalho.
Chorava muito. Falando em tom de voz
ligeiramente baixo e pronunciando as palavras quase de boca fechada, ela me
olhou bem nos olhos e expressou:
- Como pode? Eles quase levaram o
meu celular, relógio e a minha mochila.
A ação praticada por uma dupla de
assaltantes só não foi consumada, porque eles viram o meu carro bem acelerado
em sua direção. Ao perceber essa aproximação à distância, fugiram rumo ao
bairro São José.
Nada de novo. Pois, nessa mesma
avenida, no dia 17 de outubro, a bordo de uma motocicleta, uma dupla também de
assaltantes, devidamente armados, me cercou e obrigou que eu passasse o meu
cordão de ouro de estimação. Foi um verdadeiro vexame. Uma situação estarrecedora,
chocante e apavorante.
Por que isso acontece, afinal? Ora,
perdoem-me a obviedade confessional, mas isso acontece em razão da
desorganização do Estado no tocante à política de segurança pública. Prova da
inépcia visível da responsabilidade governamental. Tudo isso começa quando você
liga para o 190 e não te atendem. Ou pior, quando você procura uma delegacia
para fazer uma ocorrência delituosa e ela se encontra fechada. Tenha santa
paciência! Ignorar isso é ridículo, errado, feio, ilógico etc.
Claro, claro, claro: todos nós
estamos cansados de saber que país é este. Além dessa terrível verdade, quando
se fala em segurança, há uma conjunção desfavorável de fatores: crescimento
rápido e desorganizado das cidades, baixa expectativa de punição, grande oferta
de bens de fácil subtração, elevada desigualdade social, alto consumo de álcool
e drogas e ausência de freios morais, entre outros.
Acreditem: já há pessoas aqui em
nossa cidade que, dependendo de onde moram, não saem à rua à noite; outro
vendeu o carro, por ter sido assaltado num engarrafamento de trânsito em pleno
dia.
A falta de segurança no Brasil
parece um carma. Qualquer leigo percebe que impunidade é o maior convite ao
crime, uma vez que os criminosos também comparam custos com benefícios. A
certeza da punição ainda é o maior obstáculo ao crime.
Não dá mais! Precisamos pôr alguma
ordem nessa anarquia. Precisamos levar as coisas mais a sério, olhar para onde
escorregamos, não para onde caímos. Vivemos um tsunami da violência, que varre
milhares de vidas inocentes a cada ano.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração
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